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São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 2003

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IRÃ NA MIRA

Presidente iraniano apóia grupos anti-EUA, mas negocia com Washington

Khatami é aclamado em Beirute

Dalati Nohra/Associated Press
Libaneses recebem o presidente iraniano, Mohammad Khatami (à esq.), no aeroporto de Beirute, no início de sua visita de três dias


DA REDAÇÃO

O presidente iraniano, Mohammad Khatami, foi recebido ontem de forma triunfal em Beirute (Líbano), sendo saudado por líderes políticos que, como ele, apóiam grupos extremistas anti-Israel e anti-EUA e querem que a presença militar americana no Iraque acabe rapidamente.
A visita de três dias que Khatami faz ao Líbano -a primeira de um presidente iraniano desde a Revolução Islâmica de 1979- começou ao mesmo tempo em que surgia a notícia de que representantes dos EUA e do Irã iniciaram negociações secretas sobre Iraque e Afeganistão (leia texto abaixo).
Depois do Líbano, Khatami visitará a Síria, amanhã. O Irã é aliado estreito de ambos os países. Eles se opuseram à guerra no Iraque e há muitos anos dão apoio a militantes anti-Israel, incluindo o grupo xiita libanês Hizbollah.
Recentemente, o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, exortou a Síria e o Líbano a conter a ação dos grupos militantes, entre eles o Hizbollah, que combateram as forças israelenses durante a ocupação israelense do sul do Líbano, que durou quase 20 anos e terminou em 2000.
A Síria, que controla o Líbano, dá apoio político ao Hizbollah, mas nega enviar armas ao grupo. O Irã, país de maioria xiita, é o principal patrocinador financeiro do grupo, na lista de organizações terroristas de Washington.
Em conversações com seu colega libanês, Emile Lahoud, Khatami declarou que "ameaças e acusações" feitas por representantes dos EUA contra o Líbano e a Síria são "inválidas e inaceitáveis".
O iraniano reafirmou o apoio de Teerã à "resistência legítima" contra a ocupação israelense: "O Irã sempre ficará ao lado do Líbano e o apoiará em sua luta para libertar seus territórios ocupados".
Khatami foi recebido no aeroporto de Beirute por Lahoud, o premiê Rafik Hariri e o xeque Naim Kassem, líder interino do Hizbollah. Quando seu comboio chegou ao centro da cidade, dezenas de milhares de muçulmanos xiitas aplaudiram e agitaram bandeiras. Mulheres atiravam pétalas de rosas no caminho do comboio, e algumas pessoas seguravam fotos do iraniano reformista.
Os xiitas formam a maior facção muçulmana do Líbano -1,2 milhão de pessoas, numa população total de 3,5 milhões.
Khatami e Lahoud assinaram seis acordos bilaterais, incluindo um empréstimo de US$ 50 milhões do Irã. Khatami também teve um encontro com o cardeal maronita Nasrallah Sfeir.
Khatami disse ao jornal libanês "As Safir" que as tropas anglo-americanas devem deixar o Iraque imediatamente e permitir que se forme um governo popular. Para ele, as forças ocupantes sofreram uma derrota moral no Iraque. "O maior erro será se as forças invasoras tentarem impor ao povo iraquiano um sistema que é imoral e estranho a eles."
Durante a guerra, os EUA acusaram a Síria de fornecer equipamento militar ao Iraque. Após a queda de Saddam Hussein, Washington acusou Damasco de dar asilo a auxiliares do ex-ditador.

Com agências internacionais


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