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Estudo mostra bilhões desviados no Iraque
Relatório dos EUA diz que, desde 2003, receita de até 300 mil barris de petróleo por dia sumiu; suspeita é contrabando ou corrupção
Rombo pode somar US$ 22 bilhões; documento diz que contrabandistas, corruptos e insurgentes detêm boa parte da indústria do país
JAMES GLANZ
DO "NEW YORK TIMES"
De 100 mil a 300 mil barris
de petróleo não foram contabilizados na produção diária do
Iraque desde a invasão pelos
EUA, em 2003. Eles podem ter
sido contrabandeados ou desviados em esquemas de corrupção, segundo versão preliminar
de um estudo do governo americano. Usando a média de US$
50 dólares por barril, teriam sido desviados de US$ 5 milhões
a US$ 15 milhões por dia.
O relatório -que deve ser divulgado na próxima semana e
foi obtido pelo "Times"- não
dá uma conclusão sobre o que
aconteceu com o petróleo desviado, mas as descobertas reforçam suspeitas de que contrabandistas e insurgentes,
além de corruptos no governo,
controlam parte significativa
da indústria petroleira do país.
O Iraque e o Departamento
de Estado americano, que contabiliza os números da produção, têm estado sob pressão para mostrar um progresso tangível dos níveis de produção
-atualmente está bem abaixo
da meta americana de 3 milhões de barris por dia.
Um funcionário do Departamento de Estado que trabalha
com questões energéticas disse
que há várias possíveis explicações sobre os desvios, incluindo
a sabotagem de oleodutos e os
relatórios imprecisos sobre a
produção no sul do Iraque.
"Também pode ser roubo",
acrescentou, com a suspeita
caindo sobre as milícias xiitas.
"Óleo cru não é tão lucrativo na
região [sul] quanto os produtos
refinados, mas não descartamos nenhuma hipótese."
O Iraque e os EUA já afirmaram que o desvio de produtos
como gasolina e querosene está
custando bilhões de dólares ao
Iraque por ano. O contrabando
desses produtos é temido porque, acreditam os governantes,
vão aos grupos insurgentes. O
óleo cru é mais difícil de ser
contrabandeado, pois precisa
ser mandado a refinarias.
As milícias xiitas têm grande
influência na rica região petrolífera no sul do Iraque. Por isso
suspeita-se que elas estejam
mais envolvidas no contrabando do que os insurgentes sunitas, que se beneficiam mais das
refinarias do norte.
"É preocupante se estão
usando o dinheiro para explodir soldados americanos, matar
sunitas ou fazer qualquer coisa
que possa ferir a unidade do
país", disse o funcionário do
Departamento de Estado.
"Ou eles estão produzindo
menos ou eles estão produzindo o que dizem e a diferença
não é totalmente contabilizada", afirmou o especialista em
petróleo Erik Kreil, que teve
conhecimento das análises.
Analistas de fora do governo
concordam que tanta discrepância indica que há contrabando ou que o Iraque é incapaz de contabilizar a produção.
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