São Paulo, domingo, 13 de maio de 2007

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Estudo mostra bilhões desviados no Iraque

Relatório dos EUA diz que, desde 2003, receita de até 300 mil barris de petróleo por dia sumiu; suspeita é contrabando ou corrupção

Rombo pode somar US$ 22 bilhões; documento diz que contrabandistas, corruptos e insurgentes detêm boa parte da indústria do país

JAMES GLANZ
DO "NEW YORK TIMES"

De 100 mil a 300 mil barris de petróleo não foram contabilizados na produção diária do Iraque desde a invasão pelos EUA, em 2003. Eles podem ter sido contrabandeados ou desviados em esquemas de corrupção, segundo versão preliminar de um estudo do governo americano. Usando a média de US$ 50 dólares por barril, teriam sido desviados de US$ 5 milhões a US$ 15 milhões por dia.
O relatório -que deve ser divulgado na próxima semana e foi obtido pelo "Times"- não dá uma conclusão sobre o que aconteceu com o petróleo desviado, mas as descobertas reforçam suspeitas de que contrabandistas e insurgentes, além de corruptos no governo, controlam parte significativa da indústria petroleira do país.
O Iraque e o Departamento de Estado americano, que contabiliza os números da produção, têm estado sob pressão para mostrar um progresso tangível dos níveis de produção -atualmente está bem abaixo da meta americana de 3 milhões de barris por dia.
Um funcionário do Departamento de Estado que trabalha com questões energéticas disse que há várias possíveis explicações sobre os desvios, incluindo a sabotagem de oleodutos e os relatórios imprecisos sobre a produção no sul do Iraque.
"Também pode ser roubo", acrescentou, com a suspeita caindo sobre as milícias xiitas. "Óleo cru não é tão lucrativo na região [sul] quanto os produtos refinados, mas não descartamos nenhuma hipótese."
O Iraque e os EUA já afirmaram que o desvio de produtos como gasolina e querosene está custando bilhões de dólares ao Iraque por ano. O contrabando desses produtos é temido porque, acreditam os governantes, vão aos grupos insurgentes. O óleo cru é mais difícil de ser contrabandeado, pois precisa ser mandado a refinarias.
As milícias xiitas têm grande influência na rica região petrolífera no sul do Iraque. Por isso suspeita-se que elas estejam mais envolvidas no contrabando do que os insurgentes sunitas, que se beneficiam mais das refinarias do norte.
"É preocupante se estão usando o dinheiro para explodir soldados americanos, matar sunitas ou fazer qualquer coisa que possa ferir a unidade do país", disse o funcionário do Departamento de Estado.
"Ou eles estão produzindo menos ou eles estão produzindo o que dizem e a diferença não é totalmente contabilizada", afirmou o especialista em petróleo Erik Kreil, que teve conhecimento das análises. Analistas de fora do governo concordam que tanta discrepância indica que há contrabando ou que o Iraque é incapaz de contabilizar a produção.


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