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Latino será secretário de Obama para região
Arturo Valenzuela, que trabalhou no governo Clinton, substituirá Thomas Shannon, nomeado ainda no governo Bush
Nomeação abre espaço para
flexibilização nas relações
com região, deixando para
trás divisão entre inimigos e
amigos dos EUA, diz analista
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
O presidente dos EUA, Barack Obama, nomeou ontem o
acadêmico de origem chilena
Arturo Valenzuela como novo
número 1 do Departamento de
Estado para a América Latina.
Ele substitui Thomas Shannon,
atual secretário-assistente do
órgão para o Hemisfério Ocidental. A expectativa é que Valenzuela ajude Obama a reposicionar as relações com a região,
obtendo diálogo mais aberto.
A indicação ainda precisa ser
referendada pelo Senado. Se
aprovado, Valenzuela será mais
um nome da Casa Branca que
integrou a equipe de Bill Clinton (1993-2001).
Ele foi assistente especial do
ex-presidente, diretor sênior
para assuntos interamericanos
do Conselho de Segurança Nacional e vice-secretário-assistente do Departamento de Estado para a região. Na época,
sua principal responsabilidade
foi a política externa dos EUA
em relação ao México,uma das
prioridades do novo governo.
Valenzuela dirige o centro de
estudos latino-americanos da
Universidade Georgetown. Especializado em origens e consolidação de democracias, é
membro do think tank Council
on Foreign Relations e participou da ONG La Raza, destacada
organização de defesa da comunidade latina nos EUA.
As contribuições diplomáticas às relações com a América
Latino renderam a Valenzuela,
entre outras honrarias, a comenda da Ordem Nacional do
Cruzeiro do Sul, conferida pelo
governo do Brasil.
Peter Hakim, presidente do
think tank Diálogo Interamericano, afirma que a nomeação
reflete o desejo de mudanças
do governo atual nas relações
com o continente.
Para ele, será crucial a flexibilização para aceitar a grande
variedade des lideranças atuais
entre os governos latinos, "deixando para trás a divisão entre
"amigos" e "inimigos" dos EUA".
"Arturo não é alguém que
manterá as políticas atuais",
afirmou Hakim à Folha. "Ele se
moverá rapidamente para a
nova direção, com uma maior
abertura em relação a Cuba,
aumento da cooperação de segurança com o México e possivelmente uma política diferente na luta antidrogas."
A demora na escolha do novo
nome para o cargo havia rendido à Casa Branca críticas de
analistas, que a viam como obstáculo para a evolução da mudança sinalizada por Obama
nas relações interamericanas.
Shannon está cotado agora
para assumir uma embaixada
dos EUA na região, possivelmente a do Brasil. Indicado ao
cargo em 2005, ele tem avaliação positiva de vários governos
latinos, e é creditado por melhorar as políticas iniciais do
ex-presidente George W. Bush
(2001-2009) para a região.
"Shannon fez um trabalho
excelente sob circunstâncias
muito difíceis", avaliou Hakim.
"Ele mudou a forma como
Bush lidou com a Venezuela e
os países bolivarianos, evitando confrontos e tentando gerenciar relações mais suaves.
Não tentou impor a outros governos a necessidade de pressionar a Venezuela."
Apesar das mudanças, não é
esperado um grande foco do
atual governo sobre a América
Latina, já que Washington está
mais voltada para as dificuldades da crise econômica e luta
duas guerras no exterior.
Um dos sinais disso é que até
agora não se falou do enviado
especial à América Latina, projeto que Obama defendeu na
campanha presidencial, para
mudar as relação com a região.
Hillary no Brasil
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, poderá
visitar o Brasil entre os dias 27 e
28 deste mês. A viagem estava
sendo negociada ontem entre
os dois governos, mas não havia
confirmação oficial até o fechamento desta edição.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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