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perfil
Amigo de FHC, indicado estuda democracias
MÁRCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL
O chileno Arturo Valenzuela, 66, construiu sua reputação como um estudioso
da origem, dos avanços e dos
fracassos da democracia presidencial na América Latina.
Valenzuela deixou seu país
aos 16 anos para estudar nos
Estados Unidos, onde completou seu Ph.D em ciência
política pela Universidade de
Columbia. Nas décadas de 70
e 80, conheceu e tornou-se
amigo dos intelectuais mais
proeminentes da região. Entre eles, o argentino Guillermo O'Donnel e o ex-presidente brasileiro Fernando
Henrique Cardoso, a quem
visita sempre que vem ao
Brasil -na última vez, em julho do ano passado, quando
veio pedir apoio para as atividades acadêmicas do centro
de estudos para a América
Latina da Universidade de
Georgetown, do qual era diretor até a nomeação anunciada ontem.
Quando tornou-se conselheiro do presidente Bill
Clinton para a América Latina, em 1993, Valenzuela foi
peça crucial na aproximação
entre FHC (que só se tornaria presidente em 1995) e o
presidente americano. Usou
suas ligações com o Brasil
para solucionar crises na região entre elas, a do assassinato do vice-presidente paraguaio, Luis María Argaña,
em março de 1999.
Na Casa Branca, Valenzuela liderou as negociações secretas para liberar os documentos da CIA sobre o golpe
militar do Chile, mantidos
sob sigilo até 2000. Couberam a ele os esforços para
tornar públicos os trechos
mais relevantes dos papéis.
Escreveu nove livros. O
mais conhecido deles, "The
Failure of Presidential Democracy: The Case of Latin
America" (a falência da democracia presidencial: o caso da América Latina), retrata o descompasso entre o
avanço da democracia formal e o atraso das instituições republicanas na região.
Valenzuela defendeu abertamente o regime parlamentarista no Chile, seu país de origem. Ele achava que o regime
parlamentarista em seu país
poderia ter evitado grande
parte da turbulência verificada no país nos últimos 50
anos.
Chávez
Suas manifestações públicas sobre os regimes do venezuelano Hugo Chávez, do
boliviano Evo Morales e do
equatoriano Rafael Correa
são cuidadosas. Reservadamente, no entanto, expressa
preocupação com o renascimento de uma tendência autoritária na região. E culpa o
ex-presidente George W.
Bush por fornecer parte do
combustível para o personalismo de esquerda na América Latina.
Em um discurso às Nações
Unidas, em 2006, o presidente da Venezuela, Hugo
Chávez, comparou Bush ao
"Diabo". Disse ainda que os
Estados Unidos eram a
maior ameaça ao mundo e
produziam um cenário de filme de terror.
Na ocasião, Valenzuela criticou o excesso retórico de
Chávez. Mas culpou Bush
por fazer o mundo perder a
admiração pelos americanos. "Nunca vi um momento
da história em que os Estados Unidos perderam tanto
respeito internacional. Chávez usou nas Nações Unidas
a mesma retórica com a qual
se comunica com seus seguidores. Mas há algo mais. Ele
se comunica com eficiência
com aqueles que perderam a
confiança na liderança americana", disse então.
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