São Paulo, quarta-feira, 13 de maio de 2009

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Filho atribui renascimento a conflito rural

DE BUENOS AIRES

Ricardo Alfonsín vive um paradoxo: a morte de seu pai, em 31 de março, foi crucial para o fortalecimento de seu partido, a União Cívica Radical, e de sua candidatura a deputado.
Herdeiro político do presidente Raúl Alfonsín (1983-1989), Ricardo reconhece que a morte do pai "acelerou" a recuperação do radicalismo e fortaleceu seu nome. "As pessoas são tão generosas, porque trasladam a mim parte do afeto que se sentiam por Alfonsín", diz.
Mas Alfonsín filho situa o início da "onda radical" um pouco antes, em 2008, no conflito tributário do governo Cristina Kirchner com o campo, marcado pelo voto do vice-presidente Julio Cobos que derrubou o projeto oficial de aumento de impostos sobre o setor. "As pessoas atribuíram a decisão de Cobos a seu DNA radical."
Advogado e professor, Alfonsín, 57, entrou tarde na política, aos 42 anos. Foi deputado provincial e candidato a governador em 2007, quando ficou em quarto lugar, com apenas 5% dos votos. Agora leva o sobrenome à lista do Acordo Cívico e Social, aliança pela qual a UCR busca voltar ao poder em 2011.
"Queremos construir uma alternativa ao justicialismo [peronismo] de caráter social-democrata e estar em condições de disputar o governo nacional em 2011", disse Alfonsín em conversa com a mídia estrangeira, na qual a Folha foi o único representante brasileiro.
E como responder a Néstor Kirchner, que classifica a nova frente de "aliança residual", em referência à fracassada gestão da Aliança (UCR e Frepaso) de Fernando de la Rúa (1999-2001), que renunciou em meio à maior crise econômica da história do país? "São atores totalmente diferentes. Estamos ante um novo radicalismo", diz.
A nova frente tem um pacote de propostas para, segundo Alfonsín, "recuperar a normalidade institucional" do país: eliminar superpoderes do chefe de gabinete na gestão do Orçamento, rediscutir a divisão de recursos com as Províncias, alterar o controle externo do Judiciário, fazer reforma política.
Alfonsín diz que a Presidência não está "agora" em seus projetos. Enumera três presidenciáveis da nova frente: Cobos, a ex-candidata Elisa Carrió e Hermes Binner, atual governador de Santa Fé.


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