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Filho atribui renascimento a conflito rural
DE BUENOS AIRES
Ricardo Alfonsín vive um paradoxo: a morte de seu pai, em
31 de março, foi crucial para o
fortalecimento de seu partido,
a União Cívica Radical, e de sua
candidatura a deputado.
Herdeiro político do presidente Raúl Alfonsín (1983-1989), Ricardo reconhece que a
morte do pai "acelerou" a recuperação do radicalismo e fortaleceu seu nome. "As pessoas
são tão generosas, porque trasladam a mim parte do afeto que
se sentiam por Alfonsín", diz.
Mas Alfonsín filho situa o início da "onda radical" um pouco
antes, em 2008, no conflito tributário do governo Cristina
Kirchner com o campo, marcado pelo voto do vice-presidente
Julio Cobos que derrubou o
projeto oficial de aumento de
impostos sobre o setor. "As
pessoas atribuíram a decisão de
Cobos a seu DNA radical."
Advogado e professor, Alfonsín, 57, entrou tarde na política,
aos 42 anos. Foi deputado provincial e candidato a governador em 2007, quando ficou em
quarto lugar, com apenas 5%
dos votos. Agora leva o sobrenome à lista do Acordo Cívico e
Social, aliança pela qual a UCR
busca voltar ao poder em 2011.
"Queremos construir uma alternativa ao justicialismo [peronismo] de caráter social-democrata e estar em condições
de disputar o governo nacional
em 2011", disse Alfonsín em
conversa com a mídia estrangeira, na qual a Folha foi o único representante brasileiro.
E como responder a Néstor
Kirchner, que classifica a nova
frente de "aliança residual", em
referência à fracassada gestão
da Aliança (UCR e Frepaso) de
Fernando de la Rúa (1999-2001), que renunciou em meio
à maior crise econômica da história do país? "São atores totalmente diferentes. Estamos ante um novo radicalismo", diz.
A nova frente tem um pacote
de propostas para, segundo Alfonsín, "recuperar a normalidade institucional" do país: eliminar superpoderes do chefe
de gabinete na gestão do Orçamento, rediscutir a divisão de
recursos com as Províncias, alterar o controle externo do Judiciário, fazer reforma política.
Alfonsín diz que a Presidência não está "agora" em seus
projetos. Enumera três presidenciáveis da nova frente: Cobos, a ex-candidata Elisa Carrió e Hermes Binner, atual governador de Santa Fé.
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