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Rússia e França manifestam apoio a Lula em Teerã
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU
Embora tenha dado indicações de que poderá apoiar uma
nova rodada de sanções contra
o Irã na ONU, a Rússia ainda vê
espaço para uma solução negociada do impasse nuclear.
Essa é a mensagem que o
Kremlin vem transmitindo ao
governo brasileiro, na véspera
da chegada do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, que desembarca hoje em Moscou.
No próximo fim de semana, o
líder brasileiro vai ao Irã para
uma visita que deve ser dominada pela polêmica sobre o
programa atômico iraniano.
Segundo o embaixador do
Brasil na Rússia, Carlos Antonio Paranhos, há "grande expectativa" em Moscou em relação às conversas que o presidente Lula terá em Teerã.
Isso ocorre, afirma o embaixador brasileiro, porque o governo russo acredita que o Brasil tenha "capacidade de interlocução e credibilidade" para
conseguir um compromisso
que permita um entendimento
sobre o programa nuclear iraniano, que potências ocidentais
suspeitam ter fins militares -o
que Teerã, no entanto, nega.
Em visita à Turquia, que junto com o Brasil tenta reviver
uma proposta de acordo nuclear com o Irã, o presidente da
Rússia, Dmitri Medvedev, disse
ontem que apoia o esforço.
"Se esse tipo de proposta tiver o apoio de todos os participantes desse processo, então
não seria uma má saída", disse.
A proposta apresentada pela
AIEA (Agência Internacional
de Energia Atômica, ligada à
ONU) no fim do ano passado
prevê que o Irã envie dois terços de seu estoque de urânio
pouco enriquecido para outro
país e receba em troca o combustível enriquecido a até 20%,
nível adequado para uso médico mas não para fins militares.
Lula passará um dia na capital russa, onde se reunirá com
Medvedev e com o ex-presidente e atual primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin.
Durante a visita, será assinado um pacto de isenção de vistos entre os dois países. O Brasil espera que isso resulte num
aumento significativo no número de turistas russos para o
país (em 2009 foram só 10 mil).
Também há a expectativa de
que a isenção contribua para
impulsionar o comércio entre
os dois países, que em 2008
chegou a US$ 8 bilhões.
No ano passado, com a crise
financeira, caiu pela metade.
França
O presidente francês, Nicolas
Sarkozy, que apoia as gestões
americanas por uma nova rodada de sanções contra o Irã,
também desejou sorte ontem a
Lula, em conversa telefônica.
Em nota, o governo francês
disse que "o presidente [Sarkozy] garantiu total apoio da
França aos esforços empreendidos pelo Brasil para convencer autoridades iranianas a responder plenamente aos pedidos da comunidade internacional sobre o programa nuclear".
A mensagem de Sarkozy contraria declaração do seu chanceler, Bernard Kouchner, que
na semana passada disse temer
que o presidente brasileiro seja
"enganado" na viagem ao Irã
-onde será recebido pelo líder
supremo, aiatolá Ali Khamenei.
Anteontem, Kouchner corroborou a posição do chefe.
Já o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, voltou a
arremeter contra as potências
ocidentais, dizendo ontem que
"as resoluções [por sanções na
ONU] não valem um centavo".
Com a Redação e agências internacionais
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