São Paulo, quinta-feira, 13 de maio de 2010

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Rússia e França manifestam apoio a Lula em Teerã

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU

Embora tenha dado indicações de que poderá apoiar uma nova rodada de sanções contra o Irã na ONU, a Rússia ainda vê espaço para uma solução negociada do impasse nuclear.
Essa é a mensagem que o Kremlin vem transmitindo ao governo brasileiro, na véspera da chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desembarca hoje em Moscou.
No próximo fim de semana, o líder brasileiro vai ao Irã para uma visita que deve ser dominada pela polêmica sobre o programa atômico iraniano.
Segundo o embaixador do Brasil na Rússia, Carlos Antonio Paranhos, há "grande expectativa" em Moscou em relação às conversas que o presidente Lula terá em Teerã.
Isso ocorre, afirma o embaixador brasileiro, porque o governo russo acredita que o Brasil tenha "capacidade de interlocução e credibilidade" para conseguir um compromisso que permita um entendimento sobre o programa nuclear iraniano, que potências ocidentais suspeitam ter fins militares -o que Teerã, no entanto, nega.
Em visita à Turquia, que junto com o Brasil tenta reviver uma proposta de acordo nuclear com o Irã, o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, disse ontem que apoia o esforço.
"Se esse tipo de proposta tiver o apoio de todos os participantes desse processo, então não seria uma má saída", disse.
A proposta apresentada pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, ligada à ONU) no fim do ano passado prevê que o Irã envie dois terços de seu estoque de urânio pouco enriquecido para outro país e receba em troca o combustível enriquecido a até 20%, nível adequado para uso médico mas não para fins militares.
Lula passará um dia na capital russa, onde se reunirá com Medvedev e com o ex-presidente e atual primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin.
Durante a visita, será assinado um pacto de isenção de vistos entre os dois países. O Brasil espera que isso resulte num aumento significativo no número de turistas russos para o país (em 2009 foram só 10 mil).
Também há a expectativa de que a isenção contribua para impulsionar o comércio entre os dois países, que em 2008 chegou a US$ 8 bilhões.
No ano passado, com a crise financeira, caiu pela metade.

França
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, que apoia as gestões americanas por uma nova rodada de sanções contra o Irã, também desejou sorte ontem a Lula, em conversa telefônica.
Em nota, o governo francês disse que "o presidente [Sarkozy] garantiu total apoio da França aos esforços empreendidos pelo Brasil para convencer autoridades iranianas a responder plenamente aos pedidos da comunidade internacional sobre o programa nuclear".
A mensagem de Sarkozy contraria declaração do seu chanceler, Bernard Kouchner, que na semana passada disse temer que o presidente brasileiro seja "enganado" na viagem ao Irã -onde será recebido pelo líder supremo, aiatolá Ali Khamenei. Anteontem, Kouchner corroborou a posição do chefe.
Já o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, voltou a arremeter contra as potências ocidentais, dizendo ontem que "as resoluções [por sanções na ONU] não valem um centavo".

Com a Redação e agências internacionais



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