São Paulo, quinta-feira, 13 de maio de 2010

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Garoto é único sobrevivente de desastre aéreo na Líbia

Airbus A-330 cai ao se aproximar do aeroporto de Trípoli e deixa 103 mortos

Voo, de Johannesburgo para Londres, faria escala na capital líbia, que estava sob tempo nublado; maioria dos passageiros era holandesa


FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO

Um menino holandês de dez anos foi o único passageiro resgatado com vida dos destroços de um avião da companhia líbia Afriqiyah, que caiu ontem ao se aproximar do aeroporto da capital, Trípoli. Os demais 103 passageiros (11 deles tripulantes), morreram na hora.
A aeronave, um modelo Airbus A-330, havia decolado de Johannesburgo (África do Sul) e faria uma escala antes de seguir para o aeroporto de Gatwick, em Londres. O acidente com o voo 771 ocorreu às 6h30 locais, 1h30 de ontem no Brasil.
Ao menos 61 passageiros eram holandeses, a maioria dos mortos, portanto.
Muitos eram turistas vindos da África do Sul que desceriam em Trípoli e pegariam outros voos para a Europa.
Outros quatro foram identificados como sul-africanos até o início da noite de ontem.
O governo da Líbia afirmou que morreram no acidente cidadãos de nove países: além dos holandeses e sul-africanos, havia passageiros de Líbia, Reino Unido, Alemanha, Finlândia, Zimbábue, Filipinas e França. Não foram fornecidos os números de vítimas por país.
A criança sobrevivente estava sendo tratada num hospital da capital da Líbia até o fechamento desta edição. Ela teve diversos ossos quebrados nas duas pernas. Um médico disse que sua condição era "estável".
De acordo com testemunhas, o avião teria explodido ao se aproximar da pista de pouso.
O tempo estava nublado no momento. Uma das caixas-pretas foi encontrada.
Em comunicado, a Airbus afirmou que a aeronave era nova. O aparelho foi entregue à companhia em setembro do ano passado e tinha apenas 1.600 horas de operação, em cerca de 420 voos.
O avião acidentado ontem é o mesmo modelo do voo da Air France que caiu no oceano Atlântico fazendo a rota Rio-Paris, em junho do ano passado, deixando 228 mortos.
Outro Airbus, mas o modelo A-320, explodiu nas proximidades do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, ao tentar aterrissar sem sucesso, em julho de 2007. Morreram 199 pessoas.
Na África do Sul, o presidente Jacob Zuma expressou "condolências" às vítimas da tragédia. Uma linha de telefone especial foi colocada à disposição de parentes em busca de informações sobre o acidente.
A Afriqiyah é uma companhia de propriedade do governo da Líbia, bastante popular para voos entre o continente africano e cidades europeias, com escala em Trípoli.
O principal atrativo é o custo mais baixo do que companhias europeias.
A empresa foi fundada em 2001, a partir de um projeto político do ditador líbio, Muammar Gaddafi. Segundo ele, a companhia aérea teria como objetivo "integrar o continente" e contribuir com o sucesso da União Africana, grupo que reúne os países africanos. Na cauda, há a inscrição 9.9.99, referência à data de fundação da organização continental
Sua frota, antes do acidente, era de 11 aeronaves, todos Airbus relativamente novos. A tragédia de ontem foi a primeira na curta história da companhia.
De acordo com a agência europeia de controle de voo, baseada na Bélgica, o desastre de ontem não teve relação com a nuvem de cinzas expelida por um vulcão na Islândia, que paralisou o tráfego aéreo na Europa no mês passado.


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