São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2003 |
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PAZ SOB ATAQUE Ação acontece um dia após atentado e ameaça plano de paz; Sharon teria chamado Mazen de "frango sem asas" Israel lança guerra contra o Hamas e mata 9
DA REDAÇÃO Novo ataque israelense contra um líder do grupo terrorista Hamas na faixa de Gaza matou pelo menos sete pessoas e feriu 40. Israel e o Hamas ameaçaram ontem combater um ao outro até o fim. A ação israelense faz parte de guerra contra o Hamas anunciada ontem pelo premiê israelense, Ariel Sharon, após atentado suicida cometido pelo grupo ter matado pelo menos 17 pessoas em Jerusalém. O Hamas também afirmou que está em guerra contra a "entidade sionista" -o grupo prega a destruição de Israel. Segundo a agência France Presse, as forças israelenses, por medida de segurança, dividiram a faixa de Gaza em duas partes. Em Jenin (Cijsordânia), dois militantes do grupo terrorista Jihad Islâmico foram mortos pelas forças israelenses após um motorista israelense ter sido morto a tiros em ataque na região. O novo ciclo de violência é um duro golpe nos renovados esforços de paz. Na semana passada, Sharon e o premiê palestino, Abu Mazen, haviam se comprometido a implementar o novo plano de paz em cúpula com o presidente dos EUA, George W. Bush, na Jordânia. Sharon afirmou ontem em reunião de gabinete que os "ataques seletivos contra membros do Hamas são apenas o começo" de uma operação contra o grupo terrorista. "Se tiver que escolher entre a guerra contra o terror e o apoio a Mazen, escolherei a primeira opção", disse. Ele ressaltou porém que segue apoiando o novo plano de paz. O Ministério da Defesa de Israel deu ordens para o Exército "usar todas as suas forças" contra o grupo palestino. O ministro da Segurança Interna, Tzahi Hanegbi, disse que o todos os líderes do Hamas podem ser alvos de ataque, inclusive o xeque Ahmed Iassin, líder espiritual do grupo. Uma pessoa que estava presente à reunião disse à agência Reuters que Sharon afirmou que "Mazen é um franguinho sem asas. Nós precisamos ajudá-lo a combater o terror até que as suas asas cresçam". O premiê ridicularizou a liderança palestina, dizendo que são "bebês chorões que não fazem nada para combater o terror". Sabotagem Já os palestinos acusam Sharon de estar fazendo tudo o que pode para sabotar o plano de paz, que prevê a criação de um Estado palestino em 2005. "O objetivo de Sharon é desacreditar o governo palestino e assassinar o seu real inimigo, que é o plano de paz", disse o ministro palestino Iasser Abed Rabbo. O Hamas afirmou que Sharon agora é um terrorista procurado e que todos os estrangeiros devem deixar "a entidade sionista" para preservar as suas vidas. O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, disse que o "problema não é Israel, não é a Autoridade Nacional Palestina. O problema são os terroristas do Hamas". O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, pediu que forças de manutenção da paz estrangeiras sejam enviadas para a Cisjordânia e a faixa de Gaza. Israel se opõe a qualquer ingerência estrangeira. A espiral de violência começou no domingo, quando ação conjunta do Hamas, Jihad Islâmico e Brigadas dos Mártires de Al Aqsa matou quatro soldados na faixa de Gaza. Desde o relançamento do processo de paz, no último dia 4, cerca de 50 pessoas já morreram. Na ação de ontem, helicópteros israelenses dispararam mísseis contra o carro que levava Iasser Taha e Ibrahim Abu Srour, dois integrantes da ala militar do Hamas. Ao todo, sete morreram, entre eles Taha, a mulher e a filha. No funeral das vítimas palestinas de anteontem, cerca de 35 mil palestinos gritavam: "Abu Mazen, escute: não há nada além da guerra santa". Com agências internacionais Próximo Texto: Eficácia de "ataques seletivos" é questionada Índice |
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