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São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2003

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ANÁLISE

O forte Sharon e o fraco Mazen

MARK HEINRICH
DA REUTERS, EM JERUSALÉM

De um lado está o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, popular entre os israelenses por sua dureza. Do outro está o premiê palestino, Abu Mazen, impopular entre os palestinos por sua moderação. No meio dos dois está o plano de paz proposto pelos EUA que requer que esses dois homens busquem a paz, colocando de lado décadas de inimizade mortal entre os dois povos.
Porém, apenas oito dias após o plano ser lançado formalmente, o único resultado são os corpos das vítimas dos mísseis israelenses e dos atentados palestinos.
"Os acontecimentos desta semana expuseram o otimismo que surgiu em Ácaba como algo frágil e superficial. Sharon abriu suas asas, e a retaliação do Hamas reforçou a sensação israelense de desespero e falta de esperança em relação a qualquer via para a paz" disse um diplomata europeu.
O analista político Ali Jarbawi disse que o premiê Abu Mazen acabou fracassando mesmo antes de começar a implementar as medidas acordadas na cúpula de paz.
"Ele foi ofuscado pela eclosão da violência da direita israelense e do Hamas, pela recusa de Sharon de levantar o cerco às cidades palestinas, encerrar as incursões e os assassinatos. Se os EUA não intervierem com força e rapidamente, o plano de paz estará morto", disse o analista.
Sharon sofreu críticas ao ordenar o ataque fracassado para matar Abdel Aziz Rantissi. Mas quando o Hamas realizou o atentado no ônibus em Jerusalém no dia seguinte, eclipsou momentaneamente as dúvidas da opinião pública israelense em relação à maneira do premiê lidar com o terrorismo. Porém o ataque contra Rantissi minou os esforços de Mazen para persuadir os palestinos de que o melhor é negociar. O premiê ficou mais isolado ainda.
Mazen tentou conseguir um cessar-fogo com os terroristas, mas fracassou devido à relutância israelense de levantar os cercos às cidades palestinas. Essa ação, que visa abortar atentados suicidas, acabou radicalizando muitos palestinos que não podem viajar nem trabalhar.
Uma autoridade de segurança de Israel disse que os "israelenses parecem não ter a dimensão do que são esses ataques preventivos para a sociedade palestina".
"O Hamas precisa de apoio, e quando essas ações israelenses acontecem, especialmente quando há vítimas civis, é isso o que o grupo consegue", afirmou.
Uma pesquisa israelense divulgada após a tentativa de matar Rantissi mostrou que 56% apoiavam o ataque.
"Sharon possui um forte apoio dos israelenses e basicamente pode fazer o que quiser", disse o analista Gadi Wolfsfeld.


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