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ANÁLISE
O forte Sharon e o fraco Mazen
MARK HEINRICH
DA REUTERS, EM JERUSALÉM
De um lado está o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, popular entre os israelenses por sua
dureza. Do outro está o premiê
palestino, Abu Mazen, impopular
entre os palestinos por sua moderação. No meio dos dois está o
plano de paz proposto pelos EUA
que requer que esses dois homens
busquem a paz, colocando de lado décadas de inimizade mortal
entre os dois povos.
Porém, apenas oito dias após o
plano ser lançado formalmente, o
único resultado são os corpos das
vítimas dos mísseis israelenses e
dos atentados palestinos.
"Os acontecimentos desta semana expuseram o otimismo que
surgiu em Ácaba como algo frágil
e superficial. Sharon abriu suas
asas, e a retaliação do Hamas reforçou a sensação israelense de
desespero e falta de esperança em
relação a qualquer via para a paz"
disse um diplomata europeu.
O analista político Ali Jarbawi
disse que o premiê Abu Mazen
acabou fracassando mesmo antes
de começar a implementar as medidas acordadas na cúpula de paz.
"Ele foi ofuscado pela eclosão da
violência da direita israelense e do
Hamas, pela recusa de Sharon de
levantar o cerco às cidades palestinas, encerrar as incursões e os
assassinatos. Se os EUA não intervierem com força e rapidamente,
o plano de paz estará morto", disse o analista.
Sharon sofreu críticas ao ordenar o ataque fracassado para matar Abdel Aziz Rantissi. Mas
quando o Hamas realizou o atentado no ônibus em Jerusalém no
dia seguinte, eclipsou momentaneamente as dúvidas da opinião
pública israelense em relação à
maneira do premiê lidar com o
terrorismo. Porém o ataque contra Rantissi minou os esforços de
Mazen para persuadir os palestinos de que o melhor é negociar. O
premiê ficou mais isolado ainda.
Mazen tentou conseguir um
cessar-fogo com os terroristas,
mas fracassou devido à relutância
israelense de levantar os cercos às
cidades palestinas. Essa ação, que
visa abortar atentados suicidas,
acabou radicalizando muitos palestinos que não podem viajar
nem trabalhar.
Uma autoridade de segurança
de Israel disse que os "israelenses
parecem não ter a dimensão do
que são esses ataques preventivos
para a sociedade palestina".
"O Hamas precisa de apoio, e
quando essas ações israelenses
acontecem, especialmente quando há vítimas civis, é isso o que o
grupo consegue", afirmou.
Uma pesquisa israelense divulgada após a tentativa de matar
Rantissi mostrou que 56% apoiavam o ataque.
"Sharon possui um forte apoio
dos israelenses e basicamente pode fazer o que quiser", disse o analista Gadi Wolfsfeld.
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