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JUSTIÇA
ONU renova medida que impede julgamento de americanos em missão de paz
EUA mantêm imunidade de soldados
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Os EUA conseguiram ontem,
no Conselho de Segurança da
ONU, uma nova vitória contra o
Tribunal Penal Internacional.
O golpe veio com a aprovação,
pelo órgão, de uma medida que
renova a imunidade, diante do
tribunal, de soldados americanos
que estejam em missões de paz.
A licença especial para as tropas
dos EUA fora dada no ano passado pelo Conselho de Segurança,
em votação unânime. À época, o
governo Bush, que não reconhece
o tribunal, ameaçou retirar seus
soldados das missões de paz.
Mas, ao buscar a renovação da
imunidade por mais um ano, a
administração americana encontrou oposição bem mais ferrenha,
reavivando o racha que antecedeu
a guerra no Iraque.
Antes da votação, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, criticou o pedido dos EUA. Ele afirmou que a imunidade mina o poder do tribunal e de sua entidade.
França, Alemanha e Síria, que
têm direito a veto no Conselho de
Segurança, abstiveram-se. "Para
nós, é uma questão de princípio",
afirmou o embaixador alemão na
ONU, Gunter Pleuger.
Baseado em Haia (Holanda), o
Tribunal Penal Internacional é a
primeira tentativa de criar uma
grande corte internacional. A
idéia é utilizá-lo no julgamento de
crimes de guerra, violações sistemáticas aos direitos humanos e
casos de genocídio.
Até agora, 90 países ratificaram
o Tratado de Roma, que o criou.
O governo Clinton também havia
dado apoio à entidade, mas seu
sucessor retirou a aprovação ao
tribunal, que pode julgar crimes
cometidos após julho passado.
Os EUA argumentam que o órgão pode ser utilizado como instrumento político contra o país.
O golpe americano ocorre num
momento em que outro membro
permanente do CS, a China, dá sinais de que está mudando sua atitude em relação ao tribunal e de
que poderá ratificá-lo.
A nova reprovação dos EUA ao
tribunal veio numa disputa que,
em tese, teria poucas consequências. Como lembrou Annan, nenhum caso envolvendo soldados
em missões de paz esteve perto
das características necessárias para ser julgado pelo tribunal.
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