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CUBA
Ditador convoca marcha em Havana contra a decisão da UE de limitar laços com a ilha e acusa a Espanha de complô
Fidel critica UE e iguala Aznar a Hitler
DA REDAÇÃO
O ditador cubano, Fidel Castro,
liderou ontem, ao lado de seu irmão, Raúl Castro, centenas de milhares de pessoas em passeatas
em Havana em frente às embaixadas italiana e espanhola, em protesto contra o endurecimento das
relações diplomáticas da União
Européia com a ilha comunista.
A UE decidiu limitar na semana
passada suas relações diplomáticas com Cuba em resposta à recente onda de perseguição promovida pela ditadura cubana
contra dissidentes políticos.
Fidel, 76, vestido no seu tradicional uniforme militar e carregando uma pequena bandeira cubana, liderou os manifestantes
em frente à representação da Espanha, enquanto Raúl, visto como seu sucessor, encabeçava o
protesto em frente à embaixada
italiana, no outro lado da cidade.
Em uma entrevista de quatro
horas de duração na noite de anteontem na TV estatal, Fidel culpou a Espanha e a Itália pela decisão da UE da semana passada. A
decisão suspende visitas de alto
nível dos países da UE para a ilha,
reduz os intercâmbios culturais e
permite o convite a opositores cubanos para recepções nas embaixadas desses países em Havana.
O ditador chamou o premiê espanhol, José María Aznar, de "um
pequeno Führer com um bigode e
uma ideologia nazi-fascista". Ele
também atacou o histórico espanhol como ex-poder colonial em
Cuba e disse que Aznar pretende
"liderar a UE numa aliança com
os EUA contra Cuba", de acordo
com os "planos fascistas dos EUA
de dominar o mundo".
O governo cubano deu ontem
um feriado pago para a maioria
dos trabalhadores de Havana e
das cidades periféricas e forneceu
transporte gratuito para levá-los
às marchas, transmitidas ao vivo
pelos meios de comunicação estatais. As autoridades locais estimaram em mais de 1 milhão o número de pessoas presentes nas manifestações.
O ataque à Itália e à Espanha,
que tomaram ontem o lugar dos
EUA, inimigo preferencial de Fidel, demonstra o isolamento cada
vez maior de Cuba após a condenação, em abril, de 75 dissidentes
políticos e a execução, no dia 11
daquele mês, de três cubanos que
sequestraram um barco para tentar fugir para os EUA.
Os países da UE sempre adotaram, tradicionalmente, posição
mais flexível que a dos EUA em
relação a Cuba, mantendo relações diplomáticas normais e investimentos na ilha. A UE é o
principal parceiro comercial de
Cuba, principal investidor externo e também principal fonte de
turistas. A UE ajudou a ilha a enfrentar a crise econômica dos
anos 90 após o colapso da União
Soviética, principal fonte de ajuda
a Cuba até então.
A UE não comentou as acusações de Fidel, mas o governo espanhol afirmou que a decisão de
limitar as relações diplomáticas
foi tomada por unanimidade.
O vice-premiê espanhol, Rodrigo Rato, afirmou que a Espanha
continua sendo "uma nação amiga de Cuba", mas disse que o país
"quer ver uma mudança de atitude em determinadas questões,
que claramente vão contra os direitos dos cidadãos cubanos".
A Chancelaria italiana chamou
o embaixador cubano em Roma
ontem para expressar indignação
sobre as críticas de Fidel ao país.
Com agências internacionais
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