São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 2006

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Forças leais a Abbas atacam o Parlamento palestino

Integrantes do Fatah também incendiaram prédio do governo e seqüestraram deputado

Série de ataques foi uma reação aos tiros disparados por membros do Hamas em Gaza; confrontos deixaram dois mortos e 14 feridos


DA REDAÇÃO

Centenas de membros de forças de segurança leais ao presidente Mahmoud Abbas atiraram ontem no Parlamento palestino, atearam fogo a um prédio do governo e seqüestraram um deputado, em meio a uma série de ataques contra instituições públicas controladas pelo grupo terrorista Hamas (Movimento de Resistência Islâmica) e seus membros.
Foi uma resposta ao atentado cometido por homens do Hamas, horas antes, contra um órgão de segurança palestino, desencadeando uma escalada de violência que durou o dia inteiro e terminou com dois mortos e pelo menos 14 feridos.
Depois de atirar contra o Parlamento, quebrando vidros de várias janelas, os integrantes das forças do Fatah invadiram os dois prédios do complexo governamental, também situado em Ramallah (Cisjordânia), destruíram móveis e computadores e espalharam documentos pelo chão. Os invasores também capturaram um deputado do Hamas, que foi libertado horas depois.
Um dos prédios foi incendiado. Quando um carro dos bombeiros chegou, um dos agressores deitou no chão, barrando sua passagem. Não há registro de vítimas. "Toda vez que tocarem em um dos nossos em Gaza nós atingiremos dez dos deles na Cisjordânia", disse um integrante da Segurança Preventiva palestina, ligada ao Fatah.
O dia de violência nos territórios palestinos foi mais um desdobramento da luta de poder entre o Fatah e o Hamas desde a eleição de janeiro, que deu ao grupo terrorista o controle do Parlamento e do gabinete.

Plebiscito
Em uma tentativa de romper o impasse, o presidente Abbas deu ao Hamas um ultimato para que aceitasse uma proposta de conciliação que incluía o reconhecimento de Israel, ameaçando convocar um plebiscito caso não houvesse acordo.
Após prorrogação de três dias, o prazo venceu no último sábado, e Abbas convocou o plebiscito para o dia 26.
Ontem o Parlamento palestino decidiu adiar a votação sobre o plebiscito para o dia 20, a fim de mais tempo à negociação entre Fatah e Hamas. "Se tivéssemos rejeitado o plebiscito hoje [ontem], a distância entre nossas posições ficaria grande demais", justificou o deputado Hassan Khreishe, do Hamas, cuja Constituição prega a destruição de Israel.
No centro da luta pelo poder palestino está o controle das forças de segurança. Como a maioria é leal a Abbas, pois foi estruturada pelo Fatah como parte dos acordos de paz com Israel, o Hamas decidiu criar sua própria milícia, aumentando as tensões e os temores de uma guerra civil.
O presidente Abbas, que no momento dos ataques cometidos por homens de sua facção estava em Gaza, negociando com membros do Hamas, condenou a violência e decretou "estado de alerta" nos territórios palestinos. "O presidente condena com veemência os ataques contra instituições públicas", disse o gabinete de Abbas em um comunicado.
Segundo pesquisas de opinião divulgadas na semana passada, o plebiscito proposto por Abbas é amplamente apoiado entre os palestinos. Uma vitória da proposta, que prevê um governo de união nacional entre Fatah, Hamas e outras facções palestinas, além da retomada do processo de paz com Israel, poderia romper, acreditam assessores do presidente, o isolamento internacional a que a Autoridade Nacional Palestina (ANP) foi submetida após a chegada do Hamas ao poder.


Com agências internacionais

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