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Correa quer proibir bancos de financiar imprensa
Presidente equatoriano afirma que a regra acabará com "relação incestuosa"
Proibição é sugestão para Constituinte; emissora de banqueiro divulgou vídeo de ministro que propôs legislação para finanças
DA REDAÇÃO
O presidente do Equador,
Rafael Correa, defendeu ontem
que a próxima Constituição do
país proíba bancos de financiarem meios de comunicação para acabar com o que julga ser
uma relação "incestuosa" entre
os dois setores.
"Uma reforma que deve fazer
a Assembléia Constituinte [que
fará a nova Carta] é proibir essa
relação incestuosa entre grupos financeiros e meios [de comunicação]", disse Correa.
As declarações são mais um
capítulo da tensão no Equador
entre os bancos, os meios de comunicação e o governo Correa,
que envolve ao menos três episódios: dois escândalos com
gravações ilegais onde aparece
o ministro da Economia, Ricardo Patiño, e o envio ao Congresso do projeto da Lei de Regulação do Custo Máximo Efetivo do Crédito, legislação que,
segundo o governo, "acabará
com os excessos da banca" e
forçará a queda dos juros.
No último domingo, veio a
público uma gravação, supostamente feita em 12 de fevereiro,
na qual o presidente do Congresso, Jorge Cevallos, de oposição ao governo, aparece antecipando ao ministro da Economia detalhes sobre a sessão do
Parlamento do dia 15 daquele
mês -quando foi aprovado o
referendo sobre a convocação
da Assembléia Constituinte.
Ontem, Correa atribuiu a divulgação à "imprensa corrupta
vinculada aos bancos" -o vídeo
foi transmitido pelo canal Teleamazonas, cujo proprietário
é Fidel Egas, dono do Banco da
Pechincha. As imagens provocaram a expulsão do presidente
do Congresso de seu partido, o
Prian (de oposição a Correa).
Patiño já é investigado por
ter aparecido em um vídeo, em
maio, supostamente passando
a uma corretora de Quito informações privilegiadas sobre a
venda de bônus da dívida equatoriana. Na época, o ministro
disse que ele próprio gravou a
conversa "para provar" como
há negociatas com os títulos.
No discurso de ontem, o presidente equatoriano também
atacou a campanha publicitária
lançada pela Associação de
Bancos Privados do Equador
contra o projeto de lei de regulamentação do crédito. A campanha lembra a crise financeira
de 1998, que desaguaria na dolarização da economia, em
2000, e afirma que a lei pode
produzir crise semelhante.
Relação complicada
Correa, que tomou posse em
janeiro, tem tido uma relação
complicada com a imprensa.
Ele está processando o jornal
"La Hora" por causa de um editorial que o acusava de "governar com tumulto, pedras e
paus". No domingo, apoiou a
decisão do colega Hugo Chávez,
da Venezuela, de não renovar a
concessão do canal oposicionista RCTV. Até o fim da noite
de ontem, nem a Teleamazonas
nem outros meios de comunicação do Equador tinham se
pronunciado sobre as declarações de Correa.
A convocação da Constituinte foi aprovada no referendo,
em abril, por mais de 80% dos
votos. Os constituintes serão
eleitos em setembro.
Com agências internacionais
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