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EUA atacam gasto militar na AL
General diz que latino-americanos só deveriam investir o necessário à modernização de suas forças
Conselheiro militar afirma que a região tem "baixo potencial" para conflitos, mas projeto de Chávez de defesa comum é temido
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Mesmo sendo responsáveis
por quase metade dos gastos
militares no mundo, os EUA recomendam cautela à América
Latina ao fazer o mesmo tipo de
investimento. "Nós respeitamos o direito soberano das nações de determinar quando (...)
modernizar equipamento militar obsoleto, mas [essa despesa] deveria ser proporcional às
ameaças atuais e não exceder as
necessidades de modernização
da defesa do país."
A frase é do general-brigadeiro Michael R. Moeller, em resposta a uma pergunta da Folha
sobre o aumento recente de
gastos militares de alguns países da região. Moeller é conselheiro de política militar dos
EUA para os 32 países e 15 dependências na zona de influência do Comando Militar do Sul
(USSOUTHCOM, na sigla em
inglês), na América Latina.
O militar, baseado em Miami, participava de conversa
online promovida na manhã de
ontem pelo Departamento de
Estado americano. Moeller fez
a declaração acima depois de
escrever que "essa é uma região
em que o potencial de hostilidade entre os países é muito
baixo".
Chávez
Os EUA se preocupam com a
ascensão militar de Hugo Chávez na região, principalmente a
proposta do presidente venezuelano de criar uma força militar entre os governos de esquerda. A Venezuela também é
vista pelos EUA como uma perigosa porta de entrada para os
chineses na América Latina.
Em encontro dos ministros
da Defesa das três Américas na
Nicarágua, no final do ano passado, o então secretário da Defesa norte-americano, Donald
Rumsfeld, diria: "Entendo por
que países vizinhos estejam
preocupados". Ele se referia a
acordo recém-fechado de compra de US$ 4,3 bilhões em armas da Rússia pela Venezuela.
Indagado ontem pela Folha
se ele concordava com seu superior, o general Bantz Craddock, que o venezuelano era
uma "força desestabilizadora",
Moeller respondeu: "Nossas
relações militares com a Venezuela são atualmente muito
tensas. Isso é uma pena, porque a relação entre nossas Forças Armadas foi muito forte
durante mais de 35 anos".
"Nós também sabemos",
continuou Moeller, "que os desafios de hoje requerem que
trabalhemos juntos para atingir o sucesso. Nós continuamos
a convidar as Forças Armadas
da Venezuela para exercícios
multinacionais que nós co-patrocinamos com outras nações,
mas eles declinaram".
Outro ponto de tensão no
continente é a chamada zona
da Tríplice Fronteira (Brasil-Argentina-Paraguai). Sobre esse assunto, o general-brigadeiro deu a entender que a preocupação do Comando Militar
do Sul acaba de ser justificada.
"Conforme visto na ameaça
contra o aeroporto JFK, grupos terroristas islâmicos estão
ativos em nosso hemisfério
-não só na Tríplice Fronteira."
A pergunta citava depoimento do general Bantz Craddock
ao Senado americano em novembro. Para ele, o "ambiente
permissivo" da região fornecia
a "estrutura para entidades criminais" como "narcoterroristas, terroristas islâmicos e o
crime organizado mundial". Na
resposta, Moeller se referiu à
prisão, no dia 2 último, de três
de quatro suspeitos de planejarem atacar o aeroporto internacional de Nova York. Três
são da Guiana.
"No entanto", amenizou o
general-brigadeiro, "via cooperação contínua de segurança e
de compartilhamento de informação, as nações de nosso hemisfério podem negar a essas
organizações a oportunidade
de usar nossos territórios soberanos como portos seguros".
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