São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2008

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Conferência de doadores promete US$ 21,4 bilhões ao Afeganistão

Apesar das crescentes críticas ao governo afegão, valor é maior que o previsto

DA REDAÇÃO

Países e organizações doadoras prometeram ontem, em conferência realizada em Paris, US$ 21,4 bilhões para a reconstrução afegã, apesar do ceticismo internacional sobre a capacidade do governo de combater a corrupção generalizada, o tráfico de drogas e a instabilidade.
Quase metade do valor foi prometida pelos Estados Unidos, líder da coalizão da Otan que invadiu o país no final de 2001 e derrubou o regime extremista do Taleban. A cifra, embora distante dos US$ 50 bilhões pedidos pelo presidente Hamid Karzai para projetos nos próximos cinco anos, é muito superior aos US$ 15 bilhões previstos por diplomatas.
O chanceler francês Bernard Kouchner considerou a conferência um "êxito da generosidade", mas ressalvou que "é preciso diferenciar as promessas de ajuda da realidade". Apenas 60% dos US$ 25 bilhões prometidos ao país desde 2001 foram entregues.
Em seu apelo aos doadores, Karzai afirmou que a insegurança e a corrupção afegãs estão "profundamente associados ao narcotráfico". "Para nossos fazendeiros destituídos, o ópio é uma questão de sobrevivência", disse o presidente. O Afeganistão produziu 93% do ópio (matéria-prima da heroína) consumido em 2007, segundo relatório da Jife, junta que supervisiona a aplicação das convenções da ONU sobre o controle de drogas.
Céticos, doadores cobraram combate à corrupção e um melhor uso do dinheiro. Financiar o Estado, ineficaz e falido, é apenas um dos desafios no Afeganistão. Sem progresso político e militar, a saída das tropas estrangeiras levaria à queda do governo pró-ocidental. O retorno dos soldados é uma demanda crescente dos eleitores nos países da Otan.
A porosa fronteira do país com o Paquistão é um bastião de fundamentalistas, com os quais o governo da nação vizinha, empossado em março, busca conciliação. Os EUA temem que o acordo permita que o Taleban e a Al Qaeda, acossados pela coalizão, se reorganizem do outro lado da fronteira.
A morte de militares paquistaneses em bombardeio dos EUA provocou anteontem protestos enérgicos de Islamabad -que, após ameaçar romper a aliança, abaixou o tom de retórica. O Pentágono disse ontem que não confirma a versão paquistanesa e que o caso está sob investigação.


Com agências internacionais


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