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ANÁLISE
Efeito da resolução é duvidoso
MARTIN FACKLER
CHOE SANG-HUN
DO "NEW YORK TIMES", EM SEUL
Ameaças e testes de armas
norte-coreanas seguidas por
sanções lideradas pelos EUA e
acordos de vida curta viraram
um padrão lamentavelmente
familiar na reação do mundo ao
programa nuclear da Coreia do
Norte. Com a nova rodada de
sanções do Conselho de Segurança, a dúvida é se há pontos
de pressão reais aos quais o
hermético governo norte-coreano vá reagir, ou se tudo não
passa de palavrório.
Após o segundo teste nuclear
feito por Pyongyang, em 25 de
maio, EUA e aliados retomaram medidas, como o congelamento das contas bancárias de
Pyongyang no exterior, que, no
passado, pareceram ser mais
dolorosas para o regime.
Diplomatas descrevem as
novas sanções como potencialmente algumas das mais fortes
já adotadas contra Pyongyang.
Mas Rússia e China resistiram
aos chamados por tornar sua
aplicação obrigatória, de modo
que não se sabe quão grande será seu impacto.
Obrigatório ou não, muitos
analistas e ex-diplomatas questionaram se qualquer regime
de punições teria impacto suficiente para romper o ciclo.
Desta vez, além de sanções financeiras, a resolução prevê
um mais rígido embargo de armas e uma possível interdição
de embarcações norte-coreanas -Pyongyang já disse que
considerará qualquer revista de
seus navios um ato de guerra.
Mas, para a maioria dos analistas, nenhuma ameaça é suficiente para frear um regime
que vê armas atômicas como
cruciais para sobreviver e que
enfrenta décadas de sanções e
dificuldades econômicas (inclusive a morte por fome de
parte de sua população) sem
capitular a pressões externas.
E isso supondo que as sanções sejam plenamente aplicadas. Embora muitas dessas medidas já tenham sido incluídas
em resoluções anteriores da
ONU, China e Rússia relutavam em aplicá-las.
Tanto os críticos quanto os
proponentes das sanções concordam que a chave para fazê-las funcionar é a China, a principal parceira comercial e fonte
de ajuda da Coreia do Norte.
A China divide com a Coreia
do Norte uma fronteira de
1.370 quilômetros de extensão,
e seu comércio anual com
Pyongyang, que movimenta
US$ 2 bilhões por ano, representa mais de 40% de todo o comércio externo norte-coreano,
segundo estimativas do governo sul-coreano. Seul disse que o
comércio da Coreia do Norte
com a China cresceu 23% apenas no ano passado.
Autoridades dos EUA e da
Coreia do Sul temem que, embora a continuação dos testes
norte-coreanos tenha desagradado a Pequim, a China relute
em pressionar Pyongyang demais. Acham que a China teme
provocar o colapso do regime
vizinho, o que poderia levá-la a
ser inundada de refugiados e
criar em sua fronteira uma nova Coreia unificada, pró-EUA.
Segundo analistas, o necessário para convencer a Coreia do
Norte a abrir mão de suas armas nucleares é uma "grande
barganha" de incentivos, que
incluiria assistência econômica, normalização das relações
com os EUA e a promessa de
que Washington não atacará ou
derrubará o regime.
Tradução de CLARA ALLAIN
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