São Paulo, Domingo, 13 de Junho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PÓS-GUERRA
Ocidente elabora pacto para ajudar recuperação de países da região; força militar não tem prazo para sair
Reconstrução é novo desafio nos Bálcãs

SYLVIA COLOMBO
de Londres


A reconstrução iugoslava e o auxílio às economias devastadas nos Bálcãs são o desafio que os países europeus, especialmente, e os EUA devem enfrentar agora, após mais de dois meses de bombardeios da Otan.
O Banco Mundial estimou que a reconstrução dos Bálcãs vai despender US$ 100 bilhões. Num encontro do G-8 (sete países mais ricos do mundo e a Rússia), em Colônia, na Alemanha, ficou acertado um plano de estabilidade, também conhecido como "Plano Marshall dos Bálcãs".
Os países da região terão de se comprometer com a democracia e em reformar suas economias. Em troca, receberão ajuda financeira. A Iugoslávia não deve receber ajuda enquanto o ditador Slobodan Milosevic estiver no poder.
A guerra causou perdas de mais de US$ 3 bilhões aos países vizinhos. Entre os afetados, estão Croácia (US$ 1,2 bilhões), Romênia (US$ 700 milhões), Bulgária (US$ 600 milhões) e Hungria (US$ 500 milhões). A Albânia, país mais pobre da Europa, não tem como integrar economicamente os refugiados, cujas famílias haviam ido para Kosovo em busca de uma vida melhor.
Não há, por enquanto, estimativas confiáveis do custo da reconstrução na Iugoslávia.
A União Européia deve, além de custear a maior parte dos gastos, fortalecer as relações comerciais com os Bálcãs e promover o desenvolvimento da indústria local.

Longa permanência
Não há prazo para o fim da intervenção das tropas da Otan em Kosovo. A operação pode ter o mesmo destino de outras ações militares. Em exemplos recentes, mesmo com a vitória aliada na Guerra do Golfo (1991), os ataques contra o Iraque continuam.
A Força de Estabilização, formada por cerca de 30 mil homens, permanece na Bósnia quase quatro anos após a assinatura do acordo de Dayton (1995).
A Otan deve ficar na Província de Kosovo "de 20 a 30 anos", disse William Zimmermann, ex-embaixador dos EUA na Iugoslávia.
Devolver os mais de 800 mil refugiados do conflito (a maioria na Albânia e na Macedônia) e os 600 mil deslocados dentro de Kosovo para suas casas, além de reconstruí-las, significa uma grande mobilização dos governos e dos grupos de ajuda humanitária.
O Ocidente estimulará, então, o estabelecimento de um padrão mínimo de solidez econômica que permita a entrada desses países em instituições como a União Européia e a Otan. O período de transição pode durar de 5 a 10 anos.



Texto Anterior: História: "Grande Sérvia" ainda é projeto na região
Próximo Texto: Retrocesso é de cem anos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.