São Paulo, domingo, 13 de julho de 2008

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Texto da Cruz Vermelha acusa EUA de tortura

Prática expõe autoridades a processos por "crimes de guerra", diz relatório

Informe da Cruz Vermelha é confidencial; especialista em contraterrorismo obtém cópia reproduzida em livro a ser publicado esta semana

SCOTT SHANE
DO "NEW YORK TIMES"

Inquérito movido pela Cruz Vermelha Internacional concluiu sigilosamente no ano passado que os métodos utilizados pela CIA, agência de inteligência americana, nos interrogatórios de suspeitos de pertencerem à Al Qaeda podem ser qualificados como tortura, expondo membros do governo Bush que autorizaram a prática à acusação de "crimes de guerra".
A informação está em livro da especialista em contraterrorismo Jane Mayer, a ser lançado nesta semana. A Cruz Vermelha se refere especificamente ao interrogatório de Abu Zubaydah, do primeiro escalão da rede comandada por Bin Laden. Segundo o organismo, foi "categoricamente" empregada a tortura, proibida pelas leis americanas e internacionais.
Zubaydah, além de permanecer preso num cubículo tão pequeno que o obrigava a manter a posição fetal, foi socado contra paredes e submetido a simulação de afogamento -prática que os americanos não consideram como tortura.
A existência desses métodos já era conhecida. A novidade está na manifestação da Cruz Vermelha, que não tem por hábito repreender publicamente. A entidade não obteve autorização para acompanhar os interrogatórios de Zubaydah. Mas pôde conversar com ele em 2006, em Guantánamo.
Bernard Barrett, da Cruz Vermelha, não quis comentar a informação e lamentou que, ao ser divulgada, ela "prejudique a eficiência que só possível quando há confidencialidade".
Ele apenas confirmou que seus emissários visitam prisioneiros de Guantánamo e que há diálogo com os agentes da inteligência encarregados dos interrogatórios. Além de Zubaydah, outros presos disseram que tinham as mãos presas ao teto das celas e eram obrigados a permanecer de pé por horas. A CIA disse que usou métodos autorizados pelo governo.


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