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Cheney fez CIA ocultar programa antiterror
Segundo atual diretor da agência, vice de Bush determinou que Congresso não fosse informado sobre ações contra terroristas
Legislação norte-americana determina que comissões de inteligência do Senado e da Câmara devem ser mantidas a par sobre atividades da CIA
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
A Comissão de Inteligência
do Senado norte-americano
confirmou ontem a informação
de que o ex-vice-presidente dos
Estados Unidos Dick Cheney
ordenou à CIA (agência de inteligência americana) que não informasse o Congresso sobre
um programa antiterrorista secreto do governo de George W.
Bush (2001-2009).
Segundo a senadora democrata Dianne Feinstein, presidente da comissão, o atual diretor da CIA, Leon Panetta, se
reuniu com parlamentares em
24 de junho e lhes descreveu
parte do programa. Publicamente, sabe-se só de sua existência, mas não dos detalhes da
operação.
O programa foi interrompido
depois que Panetta assumiu o
comando da CIA por escolha do
presidente Barack Obama. Ele
disse ter tomado conhecimento da "ordem de Cheney para
que o Congresso não fosse informado" e sobre a operação
apenas um dia antes de revelar
sua existência ao Congresso,
embora Obama tenha tomado
posse em janeiro. Segundo declarações de Panetta aos congressistas, o programa foi "escondido" por quase oito anos.
Na semana passada, seis
membros da Comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes (deputados) enviaram um pedido formal ao diretor da CIA pedindo mais informações sobre o conteúdo do
programa.
Na carta, os legisladores indicaram que Panetta disse, em
um testemunho recente a
membros do Congresso, que
"funcionários de alta hierarquia na agência tinham escondido ações significativas de todos os membros do Congresso"
e que "haviam enganado os legisladores" a partir de 2001,
ano que marcou o início da
"guerra do terror" travada por
Bush após os atentados do 11 de
Setembro.
O caso provocou reações entre democratas e republicanos,
partido de Bush. A senadora
democrata Debbie Stabenow
disse ontem à rede CNN que
Cheney "prejudica a credibilidade da CIA". Já o senador republicano Judd Gregg reconheceu que "a informação deveria ter sido compartilhada".
A lei americana requer que as
comissões de inteligência do
Congresso "estejam completamente e correntemente informadas sobre atividades de inteligência dos EUA, incluindo
qualquer tipo de atividade antecipando operações significativas" nessa área.
Mas a linguagem da lei abre a
possibilidade de diferentes interpretações ao dizer que essas
audiências com congressistas
devem ser "consistentes com a
proteção de informações e fontes de inteligência nos casos excepcionalmente sensíveis".
Essa não é a primeira polêmica envolvendo CIA, Congresso
e Cheney no governo Obama.
Há dois meses, após a publicação de memorandos do governo Bush que justificavam o uso
de técnicas de tortura, a presidente do Congresso, Nancy Pelosi, disse que a CIA sonegara
informações a esse respeito ao
Legislativo. Cheney defendeu o
uso dos métodos de interrogatório, dizendo que eles evitaram que ocorressem novos ataques terroristas contra os EUA.
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