São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 2009

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Cheney fez CIA ocultar programa antiterror

Segundo atual diretor da agência, vice de Bush determinou que Congresso não fosse informado sobre ações contra terroristas

Legislação norte-americana determina que comissões de inteligência do Senado e da Câmara devem ser mantidas a par sobre atividades da CIA

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

A Comissão de Inteligência do Senado norte-americano confirmou ontem a informação de que o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Dick Cheney ordenou à CIA (agência de inteligência americana) que não informasse o Congresso sobre um programa antiterrorista secreto do governo de George W. Bush (2001-2009).
Segundo a senadora democrata Dianne Feinstein, presidente da comissão, o atual diretor da CIA, Leon Panetta, se reuniu com parlamentares em 24 de junho e lhes descreveu parte do programa. Publicamente, sabe-se só de sua existência, mas não dos detalhes da operação.
O programa foi interrompido depois que Panetta assumiu o comando da CIA por escolha do presidente Barack Obama. Ele disse ter tomado conhecimento da "ordem de Cheney para que o Congresso não fosse informado" e sobre a operação apenas um dia antes de revelar sua existência ao Congresso, embora Obama tenha tomado posse em janeiro. Segundo declarações de Panetta aos congressistas, o programa foi "escondido" por quase oito anos.
Na semana passada, seis membros da Comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes (deputados) enviaram um pedido formal ao diretor da CIA pedindo mais informações sobre o conteúdo do programa.
Na carta, os legisladores indicaram que Panetta disse, em um testemunho recente a membros do Congresso, que "funcionários de alta hierarquia na agência tinham escondido ações significativas de todos os membros do Congresso" e que "haviam enganado os legisladores" a partir de 2001, ano que marcou o início da "guerra do terror" travada por Bush após os atentados do 11 de Setembro.
O caso provocou reações entre democratas e republicanos, partido de Bush. A senadora democrata Debbie Stabenow disse ontem à rede CNN que Cheney "prejudica a credibilidade da CIA". Já o senador republicano Judd Gregg reconheceu que "a informação deveria ter sido compartilhada".
A lei americana requer que as comissões de inteligência do Congresso "estejam completamente e correntemente informadas sobre atividades de inteligência dos EUA, incluindo qualquer tipo de atividade antecipando operações significativas" nessa área.
Mas a linguagem da lei abre a possibilidade de diferentes interpretações ao dizer que essas audiências com congressistas devem ser "consistentes com a proteção de informações e fontes de inteligência nos casos excepcionalmente sensíveis".
Essa não é a primeira polêmica envolvendo CIA, Congresso e Cheney no governo Obama. Há dois meses, após a publicação de memorandos do governo Bush que justificavam o uso de técnicas de tortura, a presidente do Congresso, Nancy Pelosi, disse que a CIA sonegara informações a esse respeito ao Legislativo. Cheney defendeu o uso dos métodos de interrogatório, dizendo que eles evitaram que ocorressem novos ataques terroristas contra os EUA.


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