São Paulo, quinta-feira, 13 de agosto de 2009

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ANÁLISE

Só Washington pode ajudar deposto

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Quando foi eleito presidente, em 2005, Manuel Zelaya precisou que o embaixador americano da época, Charles Ford, declarasse a sua vitória para dar fim a um tumultuado processo de apuração. Agora, recorre novamente à imensa influência dos EUA para ser restituído.
As visitas a Lula e ao mexicano Felipe Calderón, mandatários das maiores economias da América Latina, vão pouco além do simbolismo e de pedidos para que os dois pressionem Barack Obama a endurecer contra os golpistas.
É certo que Lula vem buscando aumentar a presença brasileira na América Central e no Caribe. Aumentou o número de representações diplomáticas na região, como a embaixada em Belize, e foi o primeiro mandatário brasileiro a pisar em Honduras. Ocorreu em agosto de 2007, quando os dois países completaram cem anos de relações diplomáticas.
Como é de praxe, a visita rendeu vários acordos bilaterais, muitos sem maior relevância e outros que não sairão do papel. O volume de intercâmbio é tão pequeno que a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa tem apenas dois postos diplomáticos e funciona numa casa de dois andares adaptada.
Já a embaixada americana é um imenso bunker ocupado por dezenas de funcionários. Para muitos, trata-se do principal centro de decisões sobre os rumos de Honduras. Além de principal parceiro comercial, os EUA têm uma antiga influência na política local. Muitos atribuem à atuação americana nos anos 80 o fato de Honduras ter escapado das guerras civis que devastaram a região.
A conservadora elite hondurenha se sente abandonada por Washington e crê que o golpe foi necessário para salvar Honduras do chavismo, trabalho que, para eles, deveria ter sido feito pela CIA.
Para Zelaya, a falta de sanções econômicas duras dos EUA é a única explicação da sobrevivência dos golpistas. Sinal dos tempos: agora, tanto a direita quanto a esquerda exigem a intervenção americana.


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