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ANÁLISE
Só Washington pode ajudar deposto
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Quando foi eleito presidente,
em 2005, Manuel Zelaya precisou que o embaixador americano da época, Charles Ford, declarasse a sua vitória para dar
fim a um tumultuado processo
de apuração. Agora, recorre novamente à imensa influência
dos EUA para ser restituído.
As visitas a Lula e ao mexicano Felipe Calderón, mandatários das maiores economias da
América Latina, vão pouco
além do simbolismo e de pedidos para que os dois pressionem Barack Obama a endurecer contra os golpistas.
É certo que Lula vem buscando aumentar a presença brasileira na América Central e no
Caribe. Aumentou o número de
representações diplomáticas
na região, como a embaixada
em Belize, e foi o primeiro
mandatário brasileiro a pisar
em Honduras. Ocorreu em
agosto de 2007, quando os dois
países completaram cem anos
de relações diplomáticas.
Como é de praxe, a visita rendeu vários acordos bilaterais,
muitos sem maior relevância e
outros que não sairão do papel.
O volume de intercâmbio é tão
pequeno que a Embaixada do
Brasil em Tegucigalpa tem apenas dois postos diplomáticos e
funciona numa casa de dois andares adaptada.
Já a embaixada americana é
um imenso bunker ocupado
por dezenas de funcionários.
Para muitos, trata-se do principal centro de decisões sobre os
rumos de Honduras. Além de
principal parceiro comercial,
os EUA têm uma antiga influência na política local. Muitos atribuem à atuação americana nos anos 80 o fato de Honduras ter escapado das guerras
civis que devastaram a região.
A conservadora elite hondurenha se sente abandonada por
Washington e crê que o golpe
foi necessário para salvar Honduras do chavismo, trabalho
que, para eles, deveria ter sido
feito pela CIA.
Para Zelaya, a falta de sanções econômicas duras dos
EUA é a única explicação da sobrevivência dos golpistas. Sinal
dos tempos: agora, tanto a direita quanto a esquerda exigem
a intervenção americana.
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