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Obama enfrenta protestos ao tentar reformar saúde
Proposta de presidente para setor atiça conservadores e põe democrata na defensiva
Nos anos 90, tentativa de Clinton de alterar sistema fracassou e acabou levando a derrota do partido em eleições legislativas de 1994
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
Uma onda de protestos de
instituições e cidadãos conservadores obrigou o governo Barack Obama a rever sua estratégia para a aprovação do projeto
de reforma do sistema de saúde
dos EUA.
O presidente intensificou a
participação em encontros
com a população para tirar dúvidas e rebater especulações
sobre o projeto, que já foi acusado de financiar aborto com
recursos do contribuinte, promover a eutanásia e garantir
assistência de saúde para imigrantes ilegais. O governo nega
todas as acusações.
A reforma é uma prioridade
do primeiro ano do governo
Obama. As divergências já levaram a TV a apelidar o período
de "o verão do nosso descontentamento". Só nesta semana,
Obama participa de três encontros sobre o tema. A mudança
na saúde é um dos principais
fatores para o recuo na avaliação positiva do presidente, que
chegou à casa dos 50% após seis
meses no poder.
A avaliação do governo é que
é necessário rebater críticas,
rumores e boatos para evitar
que se repita o fracasso na
aprovação do projeto no Congresso, como ocorreu no governo Bill Clinton (1993-2001).
"Ao elevar a reforma do sistema de saúde ao topo da sua
agenda doméstica, Obama e os
democratas aumentaram os
riscos. Um resultado desfavorável aumenta a chance de repetição do que ocorreu na eleição legislativa de 1994, quando
os democratas perderam mais
de 50 cadeiras na Câmara dos
Representantes (deputados). O
erro foi apostar que a aprovação seria mais fácil do que nos
anos 90", diz William Galston,
do Instituto Brookings.
Além das dúvidas sobre a viabilidade do plano e os custos,
ganharam forças as críticas relacionadas a questões morais e
os simples rumores de questões que não estão no projeto.
Para Gaslton, o nível de suspeitas e paranoia nas críticas ao
governo já supera o bom senso.
Em sua página no Facebook,
a ex-governadora do Alasca Sarah Palin publicou que a reforma trará sofrimento para os
mais velhos e doentes porque
"painéis da morte" decidiriam
com base no julgamento do nível de produtividade na sociedade quem merece ter o acesso
aos serviços de saúde, o que não
consta no projeto.
Somente nesta semana, houve protestos em que o presidente era chamado de "marxista", desenhos de suásticas eram
exibidos, e gritava-se que Obama quer transformar os EUA
na Rússia.
A guerra em torno do tema já
se transferiu para a TV e a internet. O próprio governo lançou recentemente uma página
na rede para tirar dúvidas e para uma nova campanha. O assunto dividiu a esquerda e a direita religiosas no país. A esquerda lançou campanha a favor nesta semana. "Como pastor, avalio que o acesso à assistência de saúde é uma questão
moral", afirmou Stevie Wakes,
pastor de uma igreja do Kansas.
A direita religiosa condena o
projeto em discursos e sites.
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