São Paulo, quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Obama enfrenta protestos ao tentar reformar saúde

Proposta de presidente para setor atiça conservadores e põe democrata na defensiva

Nos anos 90, tentativa de Clinton de alterar sistema fracassou e acabou levando a derrota do partido em eleições legislativas de 1994

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

Uma onda de protestos de instituições e cidadãos conservadores obrigou o governo Barack Obama a rever sua estratégia para a aprovação do projeto de reforma do sistema de saúde dos EUA.
O presidente intensificou a participação em encontros com a população para tirar dúvidas e rebater especulações sobre o projeto, que já foi acusado de financiar aborto com recursos do contribuinte, promover a eutanásia e garantir assistência de saúde para imigrantes ilegais. O governo nega todas as acusações.
A reforma é uma prioridade do primeiro ano do governo Obama. As divergências já levaram a TV a apelidar o período de "o verão do nosso descontentamento". Só nesta semana, Obama participa de três encontros sobre o tema. A mudança na saúde é um dos principais fatores para o recuo na avaliação positiva do presidente, que chegou à casa dos 50% após seis meses no poder.
A avaliação do governo é que é necessário rebater críticas, rumores e boatos para evitar que se repita o fracasso na aprovação do projeto no Congresso, como ocorreu no governo Bill Clinton (1993-2001).
"Ao elevar a reforma do sistema de saúde ao topo da sua agenda doméstica, Obama e os democratas aumentaram os riscos. Um resultado desfavorável aumenta a chance de repetição do que ocorreu na eleição legislativa de 1994, quando os democratas perderam mais de 50 cadeiras na Câmara dos Representantes (deputados). O erro foi apostar que a aprovação seria mais fácil do que nos anos 90", diz William Galston, do Instituto Brookings.
Além das dúvidas sobre a viabilidade do plano e os custos, ganharam forças as críticas relacionadas a questões morais e os simples rumores de questões que não estão no projeto. Para Gaslton, o nível de suspeitas e paranoia nas críticas ao governo já supera o bom senso.
Em sua página no Facebook, a ex-governadora do Alasca Sarah Palin publicou que a reforma trará sofrimento para os mais velhos e doentes porque "painéis da morte" decidiriam com base no julgamento do nível de produtividade na sociedade quem merece ter o acesso aos serviços de saúde, o que não consta no projeto.
Somente nesta semana, houve protestos em que o presidente era chamado de "marxista", desenhos de suásticas eram exibidos, e gritava-se que Obama quer transformar os EUA na Rússia.
A guerra em torno do tema já se transferiu para a TV e a internet. O próprio governo lançou recentemente uma página na rede para tirar dúvidas e para uma nova campanha. O assunto dividiu a esquerda e a direita religiosas no país. A esquerda lançou campanha a favor nesta semana. "Como pastor, avalio que o acesso à assistência de saúde é uma questão moral", afirmou Stevie Wakes, pastor de uma igreja do Kansas. A direita religiosa condena o projeto em discursos e sites.


Texto Anterior: Chávez ameaça ocupar campos de golfe
Próximo Texto: Acordo com EUA sai até domingo, prevê Colômbia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.