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Gaddafi tenta deixar de ser pária internacional
ALASTAIR LYON
DA REUTERS, EM LONDRES
Muammar Gaddafi está tentando mostrar disposição de desfazer
seus excessos passados, que o tornaram pária internacional. Com
exceção dos EUA, o mundo parece já estar disposto a fazer negócios outra vez com o ditador líbio,
hoje mais interessado em promover reformas do que a revolução.
Gaddafi está pagando um preço
alto em termos financeiros e de
orgulho para conquistar a respeitabilidade diplomática. ""Gaddafi
reconheceu que o mundo mudou", disse Saad Djebbar, um advogado de Londres que aconselhou a Líbia nas negociações para
a indenização das vítimas da tragédia de Lockerbie, em 1988.
Autodenominado defensor do
islã e defensor da unidade árabe e,
posteriormente, africana, Gaddafi
é criticado pessoalmente há décadas por líderes americanos, que o
vêem como uma força maligna
por trás do terrorismo global.
A hostilidade da opinião pública americana, incentivada pelos
setores de linha dura no Congresso e na administração Bush, complica a busca líbia pelo diálogo,
busca essa que tem o respaldo de
alguns lobistas de empresas petrolíferas americanas e que poderia conduzir ao fim das sanções
americanas e à retomada dos laços entre os dois países.
"Alguns americanos achariam
impossível readmitir a Líbia na
comunidade de nações", disse o
especialista em norte da África
George Joffe, citando as acusações
dos EUA de que Trípoli busca armas de destruição em massa.
Tendo tachado Gaddafi de
ameaça à segurança mundial nos
anos 80, quando Saddam Hussein
ainda era visto como útil aos objetivos dos EUA, a idéia de tratar
com ele hoje é vista por muitos
em Washington como repulsiva.
Mas os líderes europeus adotam
uma abordagem mais pragmática. O premiê espanhol, José María
Aznar, aliado estreito de Bush,
pretende visitar a Líbia neste mês.
Outro aliado de Bush, o premiê
italiano Silvio Berlusconi, se reuniu com Gaddafi em Trípoli em
outubro de 2002.
O grande desafio que Gaddafi
tem pela frente agora é promover
reformas internas, ao mesmo
tempo em que busca não ser visto
como culpado pelo legado decadente de seus próprios experimentos com socialismo árabe e
governo das massas.
Em junho ele arriscou-se a ofender seus companheiros da velha
guarda ao nomear um tecnocrata
como premiê, encarregando-o de
reformar a economia estatal líbia,
com isso revelando sua desilusão
com o modelo socialista.
Tradução de Clara Allain
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