São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2004

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ELEIÇÃO

Prédios da ONU são atacados

Disputa pelo poder mata 7 no Afeganistão

DA REDAÇÃO

Sete simpatizantes do ex-governador da Província afegã de Herat (situada perto do Irã), o poderoso chefe de guerra Ismail Khan, morreram e 20 ficaram feridos ontem em enfrentamentos com a polícia afegã e com soldados americanos depois que manifestantes atearam fogo a escritórios da ONU na região, segundo testemunhas e membros das equipes de socorro.
A violência ocorreu durante o segundo dia de protestos contra a decisão do presidente interino afegão, Hamid Karzai, que faz campanha para a eleição de 9 de outubro, de retirar Khan de seu posto, tomada anteontem.
Trata-se de uma tentativa de Karzai de estabelecer controle sobre áreas dominadas por influentes chefes de guerra.
"Ismail Khan, que controla a lucrativa fronteira com o Irã, prometera respeitar Cabul, mas não o fez. A receita que ele obtém com o comércio, legal ou ilegal, com o Irã é mais elevada que o Orçamento do governo. Ora, se pretende controlar o país, Karzai tem de enfrentar os chefes de guerra", explicou à Folha Olivier Roy, do Centro de Estudos e de Pesquisas Internacionais (Paris).
"Há, porém, o perigo de ele perder o controle da situação, o que teria conseqüências catastróficas num país em que reina o caos há décadas. Mas isso não deverá ocorrer tão facilmente desta vez, já que o governo Karzai é apoiado pelos EUA e pela ONU", acrescentou Roy. Segundo ele, Khan é o homem mais rico do país.
Além dos escritórios da ONU, os manifestantes também atacaram o Consulado do Paquistão em Herat. Karzai disse à imprensa que eles só tinham o direito de protestar pacificamente. "Trataremos os arruaceiros com a força necessária", disse o presidente.
Um governador fiel a Karzai já assumiu o posto de Khan. Cabul decretou toque de recolher na cidade para buscar conter os manifestantes pró-Khan.


Com agências internacionais
Colaborou Márcio Senne de Moraes


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