São Paulo, sábado, 13 de setembro de 2008

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Washington congela bens de agentes venezuelanos

Sanção, adotada após expulsão de diplomata, atinge ex-ministro e chefes de inteligência

EUA afirmam que acusações dos presidentes da Bolívia e Venezuela a embaixadores refletem "desespero" e "fraqueza" de mandatários


DA REDAÇÃO

Washington anunciou ontem sanções contra membros do governo venezuelano por suposto apoio ao narcotráfico das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Um dia após a expulsão do embaixador do país em Caracas, o Tesouro americano congelou os bens de dois diretores de órgãos de inteligência e do ex-ministro do Interior, Ramón Rodríguez Chacín.
Reagindo às acusações dos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales, de que seus diplomatas tenham apoiado conspirações de oposicionistas contra os governos nacionais, o Departamento de Estado dos EUA rotulou os dirigentes de "fracos e desesperados".
"A única deposição que buscamos é a da pobreza. A única conspiração de importância na região é o compromisso dos países democráticos em aumentar as oportunidades para seus cidadãos", afirmou o porta-voz do Chancelaria, Sean McCormack, que anunciou ontem a expulsão de Bernardo Álvarez Herrera, embaixador da Venezuela em Washington.
O retorno de Álvarez fora antecipado por Chávez anteontem, quando, em linguagem pesada, mandou embora de Caracas o embaixador americano, Patrick Duddy, "em solidariedade" a Morales -que acusara o embaixador Philip Goldberg de tramar contra a democracia e a integridade boliviana.
Segundo Sean McCormack, tanto Morales quanto Chávez sabem que as acusações que fazem aos diplomatas americanos são falsas. Os ataques, afirma nota da Chancelaria, refletem "a fraqueza e o desespero desses líderes ao enfrentarem sérios desafios internos e a inabilidade de se comunicarem efetivamente com a comunidade internacional".
"Desesperada e fanfarrona" foi "a posição expressa pelo porta-voz do departamento de Estados dos EUA", rebateu o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro. "Acabou esse tempo [de dominação americana]."

Perto do "eixo do mal"
A nota dura da Chancelaria americana e as sanções contra altos funcionários venezuelanos marcam a escalada das tensões entre Washington e seus principais desafetos regionais. As restrições, adotadas contra agentes de cúpula de países como o Irã, não têm precedentes na guerra retórica entre a Casa Branca e Chávez.
Alguns dos fatos citados pelo Tesouro dos EUA para justificar as sanções são antigos e amplamente conhecidos. Outros, carentes de comprovação efetiva, refletem as acusações sistemáticas de Washington à falta de apoio da Venezuela a sua polêmica ofensiva contra as drogas na América Latina.
Nota divulgada pelo Tesouro acusa Chacín, intermediário nas negociações para a libertação de reféns das Farc, de encontrar-se com guerrilheiros e ser o "principal mediador" entre o governo e o grupo rebelde colombiano. O ex-ministro, que deixou o cargo na segunda-feira, também teria tentado intermediar um empréstimo de Caracas às Farc -cuja realização não está comprovada.
O diretor da agência de inteligência militar venezuelana, Hugo Armando Carvajal Barrios, é acusado de proteger carregamentos de drogas e entregar armas à guerrilha, permitindo que mantivesse base no departamento de Arauca.
As acusações contra o chefe da inteligência civil, Henry de Jesus Rangel Silva, são mais vagas. Ele teria dado assistência ao narcotráfico e pressionado por uma maior cooperação entre o governo da Venezuela e os guerrilheiros das Farc.
Para o responsável pelo controle de bens estrangeiro do Tesouro americano, Adam Szubi, os três venezuelanos "armaram, acobertaram e financiaram" narcoterroristas.

Com agências internacionais



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