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SUCESSÃO NOS EUA / LAMA NO VENTILADOR
Acuado, Obama adota tom agressivo contra McCain
Anúncio evoca idade avançada do rival; campanha do democrata diz que reage a ofensiva
Com rivais tecnicamente empatados em pesquisas e recente avanço republicano, analistas vêem "guerra suja" e distorção de informações
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
O candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, subiu o tom do discurso e agora
responde ao rival John McCain
no mesmo nível de agressividade, em uma campanha que tem
sido chamada de "suja" com
freqüência nos Estados Unidos.
Depois de anúncios que editaram falas suas para parecer
que usou sexismo na campanha
contra a vice republicana, Sarah Palin, e que sua defesa de
educação sexual nas escolas é
imoral, Obama, que tem 47
anos, acusa McCain, 72, de antiquado em vídeo lançado ontem. A peça mostra imagens da
década de 80, como disco de vinil, e McCain como senador na
época, já com cabelos brancos.
Diz o narrador: "1982. John
McCain vai a Washington. As
coisas mudaram nos últimos 26
anos, mas McCain não mudou.
Ele admite que ainda não sabe
como usar um computador.
Não consegue mandar um e-mail. Ainda não entende a economia. E favorece novos cortes
de impostos de US$ 200 bilhões para corporações, mas
quase nada para a classe média.
Depois de um presidente fora
da realidade [cena mostra
George W. Bush ao lado de
McCain], nós simplesmente
não podemos nos dar ao luxo de
mais do mesmo."
Em outro anúncio, Obama
diz que "mudança" -palavra-chave de sua campanha adotada também pela chapa de
McCain e Palin- não pode ser
"apenas um slogan". No mesmo
dia, em comício em New
Hampshire, citou Abraham
Lincoln contra os republicanos: "Se vocês continuarem
mentindo sobre mim, terei de
dizer a verdade sobre vocês."
David Plouffe, seu gerente de
campanha, foi mais claro: "Hoje é o primeiro dia do resto da
campanha. Responderemos
com velocidade e ferocidade
aos ataques de John McCain e
vamos comprar a briga, mas faremos isso nas grandes questões que interessam para o povo americano".
Na nova estratégia, Obama
intensifica no discurso as citações do apoio do presidente
Bush -cuja impopularidade
está na faixa dos 70%, segundo
pesquisas- a McCain. "A boa
notícia é que, em 53 dias, o nome de George W. Bush não estará na cédula. Mas não se confundam, as políticas de George
W. Bush estarão na cédula."
A guinada da campanha vem
em um momento em que pesquisas continuam mostrando
McCain à frente de Obama por
margem sutil, que levam a projeção da preferência ao empate
técnico. Mesmo sendo natural
que após as convenções candidatos subam nas pesquisas, como aconteceu com o democrata, a extensão desse efeito é tratada como preocupante.
Esfera pessoal
A campanha McCain, por sua
vez, diz em novo anúncio de TV
que Obama é "desrespeitoso"
com a vice republicana, Sarah
Palin -que conferiu à chapa
maior vantagem entre mulheres brancas, segundo pesquisas.
O vídeo diz que Obama "desqualifica" a vice ao comentar
que ela é uma mulher "bonita",
além de dizer que ela "mente" e
faz "o que a mandam" fazer.
"Quão desrespeitoso!", diz a
voz feminina que narra o vídeo.
De olho nas eleitoras,
McCain já acusara Obama de se
referir a Palin ao dizer que, se
você coloca "batom em um porco", ele continua a ser um porco. Ele falava da tentativa da
chapa republicana de vender
falsa "mudança", mas para a
oposição isso foi uma referência a Sarah ter dito que a diferença entre uma supermãe e
um pit-bull é o batom.
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