São Paulo, sábado, 13 de setembro de 2008

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Favorito à Presidência sul-africana se livra de processo judicial

Justiça considerou irregular acusação de corrupção contra Jacob Zuma, líder do CNA, que agora poderá concorrer no ano que vem

Zuma é principal rival do presidente Mbeki no campo governista; em 2005, ele foi acusado de estupro contra portadora do vírus da Aids

DA REDAÇÃO

A Justiça sul-africana anulou ontem as acusações por corrupção que pesavam contra o ex-vice-presidente e líder do partido governista Congresso Nacional Africano (CNA), Jacob Zuma. A decisão abre caminho para que ele concorra às eleições presidenciais de 2009, nas quais é tido como favorito.
O Tribunal Superior de Pietermaritzburg concluiu que as acusações eram inválidas, já que a Promotoria não notificou Zuma formalmente sobre a retomada no ano passado de um processo iniciado em 2005.
Zuma, 66, foi acusado de ter recebido propina de um fabricante de armas francês para influenciar contratos de compra pelo governo no final dos anos 90, quando ocupava a Vice-Presidência -o escândalo acabou afastando o político do cargo.
A Justiça inocentou Zuma, mas deixou em aberto a possibilidade de que a Promotoria recorresse. Em dezembro passado, o caso foi outra vez levado à Justiça, mas os advogados do presidente do CNA apresentaram recurso alegando que seu cliente não fora notificado da retomada das acusações.
O Tribunal deixou claro que não julgava a inocência ou culpa do réu, mas a pertinência legal do caso. A Justiça também afirmou que o presidente do CNA pode ter sido "vítima de conspirações políticas" para tirá-lo do poder.
Analistas acreditam que a retomada do processo ocorreu a mando do presidente sul-africano, Thabo Mbeki, que perdeu no ano passado a liderança do CNA para Zuma, tido como mais à esquerda do que o rival de partido.
Zuma, um ex-líder zulu que combateu o regime segregacionista do apartheid (1948-90) e ficou dez anos na prisão ao lado do líder histórico Nelson Mandela, tem o apoio dos sindicatos e é tido como o candidato preferido dos pobres. No entanto, até mesmo setores da elite branca torciam para que ele fosse inocentado, temendo um possível cenário de violência em caso de condenação.
O processo por corrupção era o último obstáculo à candidatura à Presidência de Zuma, que quase teve a carreira política arruinada pela acusação de ter estuprado uma portadora de HIV, em 2005.
Após um ano de processo, o juiz aceitou a alegação de Zuma de que havia feito sexo com o consentimento de sua acusadora mas repreendeu o político por ter tido relações íntimas com uma desconhecida sem usar preservativo. Ex-chefe do Conselho Sul-Africano de Aids, Zuma ainda chocou o país ao afirmar que não havia evidência científica de que sexo sem proteção transmitia a doença e ao defender a utilidade de uma ducha após a relação sexual para evitar a contaminação.
Opositores encaram o fato de o líder do CNA - um polígamo assumido- não ter proposta para enfrentar a Aids como prova de que ele ainda menospreza a gravidade do problema, que aflige pelo menos 20% da população sul-africana adulta.

Com agências internacionais



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