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Favorito à Presidência sul-africana se livra de processo judicial
Justiça considerou irregular acusação de corrupção contra Jacob Zuma, líder do CNA, que agora poderá concorrer no ano que vem
Zuma é principal rival do presidente Mbeki no campo governista; em 2005, ele foi acusado de estupro contra portadora do vírus da Aids
DA REDAÇÃO
A Justiça sul-africana anulou
ontem as acusações por corrupção que pesavam contra o
ex-vice-presidente e líder do
partido governista Congresso
Nacional Africano (CNA), Jacob Zuma. A decisão abre caminho para que ele concorra às
eleições presidenciais de 2009,
nas quais é tido como favorito.
O Tribunal Superior de Pietermaritzburg concluiu que as
acusações eram inválidas, já
que a Promotoria não notificou
Zuma formalmente sobre a retomada no ano passado de um
processo iniciado em 2005.
Zuma, 66, foi acusado de ter
recebido propina de um fabricante de armas francês para influenciar contratos de compra
pelo governo no final dos anos
90, quando ocupava a Vice-Presidência -o escândalo acabou
afastando o político do cargo.
A Justiça inocentou Zuma,
mas deixou em aberto a possibilidade de que a Promotoria
recorresse. Em dezembro passado, o caso foi outra vez levado
à Justiça, mas os advogados do
presidente do CNA apresentaram recurso alegando que seu
cliente não fora notificado da
retomada das acusações.
O Tribunal deixou claro que
não julgava a inocência ou culpa do réu, mas a pertinência legal do caso. A Justiça também
afirmou que o presidente do
CNA pode ter sido "vítima de
conspirações políticas" para tirá-lo do poder.
Analistas acreditam que a retomada do processo ocorreu a
mando do presidente sul-africano, Thabo Mbeki, que perdeu
no ano passado a liderança do
CNA para Zuma, tido como
mais à esquerda do que o rival
de partido.
Zuma, um ex-líder zulu que
combateu o regime segregacionista do apartheid (1948-90) e
ficou dez anos na prisão ao lado
do líder histórico Nelson Mandela, tem o apoio dos sindicatos
e é tido como o candidato preferido dos pobres. No entanto,
até mesmo setores da elite
branca torciam para que ele
fosse inocentado, temendo um
possível cenário de violência
em caso de condenação.
O processo por corrupção era
o último obstáculo à candidatura à Presidência de Zuma, que
quase teve a carreira política
arruinada pela acusação de ter
estuprado uma portadora de
HIV, em 2005.
Após um ano de processo, o
juiz aceitou a alegação de Zuma
de que havia feito sexo com o
consentimento de sua acusadora mas repreendeu o político
por ter tido relações íntimas
com uma desconhecida sem
usar preservativo. Ex-chefe do
Conselho Sul-Africano de Aids,
Zuma ainda chocou o país ao
afirmar que não havia evidência científica de que sexo sem
proteção transmitia a doença e
ao defender a utilidade de uma
ducha após a relação sexual para evitar a contaminação.
Opositores encaram o fato de
o líder do CNA - um polígamo
assumido- não ter proposta
para enfrentar a Aids como
prova de que ele ainda menospreza a gravidade do problema,
que aflige pelo menos 20% da
população sul-africana adulta.
Com agências internacionais
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