São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2010

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"Turquia é concorrente, não aliada do Irã", diz grupo

Para o International Crisis Group, países vizinhos na verdade disputam influência sobre as populações árabes do Oriente Médio

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

A tentativa da Turquia de mediar, ao lado do Brasil, o impasse sobre o programa nuclear do Irã não deve ser interpretada como aliança entre Ancara e Teerã nem como propensão da Turquia a integrar "bloco islâmico".
Esses são "clichês simplistas", e a Turquia é, na verdade, competidora do Irã por influência entre populações árabes no Oriente Médio, diz relatório recém-divulgado pelo centro de estudos International Crisis Group (ICG).
"Essa competição é uma das razões pelas quais esses países assumiram a causa palestina", diz o texto, referindo-se ao apoio oficial turco à frota que foi atacada por Israel quando tentou romper o bloqueio a Gaza, em maio.
Claro, diz o ICG, que os dois vizinhos têm laços comerciais e intersocietários.
O Irã fornece um quinto do gás consumido pela Turquia. Mas Ancara compartilha do objetivo de seus parceiros da Otan (a aliança militar ocidental) de evitar que Teerã tenha a bomba nuclear. A divergência é tática.
"Ancara acredita que as sanções serão ruins para seus negócios, mas que também endurecerão o regime iraniano; que um ataque às instalações nucleares iranianas pode no máximo atrasar a aquisição de armas; e que a ameaça de sanções ou ataque militar reforça a disposição do regime [de avançar no programa nuclear]."
Mais do que à origem islâmica do partido AKP (Justiça e Desenvolvimento), no poder há oito anos, o ICG credita o crescente ativismo diplomático turco à ascensão econômica do país, que cresceu a 7% entre 2002 e 2007 e já se recupera da crise de 2008.
"A política turca diz respeito muito mais à emergência do país como um ator regional autoconfiante, mas com valores e objetivos que em geral são favoráveis a seus parceiros ocidentais."


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