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São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Motoristas suicidas tentam atingir hotel usado por americanos; mortos são iraquianos e podem chegar a dez

Novo ataque mata ao menos 6 em Bagdá

Ahmed al Rubaye/France Presse
Policiais iraquianos isolam área no centro de Bagdá após ataque


DA REDAÇÃO

Dois motoristas suicidas explodiram ontem seus carros nas imediações de um hotel em Bagdá, matando pelo menos seis iraquianos e ferindo dezenas de pessoas. O hotel era utilizado por funcionários civis e militares dos EUA.
Esse foi o último de uma série de ataques contra alvos ocidentais na capital iraquiana que vêm sendo realizados por grupos que resistem à ocupação norte-americana.
Segundo testemunhas, os carros se chocaram contra uma barreira de segurança do altamente fortificado Hotel Bagdá. Pelo menos um deles explodiu. Acredita-se que o hotel seja utilizado por membros da CIA (o serviço de inteligência dos EUA), oficiais da coalizão anglo-americana e membros do Conselho de Governo iraquiano (pró-EUA), bem como por empreiteiros norte-americanos. Um funcionário do governo em Washington negou que o hotel fosse um QG da CIA.
Depois da explosão, produziu-se uma coluna de fumaça negra. "Eu vi membros e pedaços de carne espalhados por todos os cantos", disse o guarda de segurança Kahin Hussein. "Os soldados americanos estavam catando os pedaços do chão", completou.
Um porta-voz militar dos EUA disse que seis pessoas, todas iraquianas, morreram no ataque. Um policial iraquiano disse que os mortos eram dez. Nos hospitais das imediações, pessoas com roupas ensanguentadas aguardavam atendimento, enquanto parentes tentavam afugentar as moscas que os cercavam.
Um hospital afirma que prestou atendimento a 33 feridos. Um outro contabilizou 19.
O tenente-coronel George Krivo, porta-voz militar dos EUA, disse que seguranças iraquianos e americanos abriram fogo contra os veículos e, assim, impediram que eles atingissem a entrada do hotel, evitando uma tragédia maior. Krivo disse ainda que não estava claro se ambos os carros estavam carregados com explosivos ou se um deles serviria apenas para manobras diversionistas.
O chefe de polícia iraquiano Ahmad Ibrahim disse que o ataque a um hotel cheio de americanos e outros estrangeiros tem o objetivo de forçar a retirada das forças de ocupação. "Talvez tenha sido a Al Qaeda ou o partido Baath [de Saddam Hussein]", disse. "Eles acharam que, se fizessem isso, os americanos ficariam com medo e acabariam deixando o país."
O ataque ocorre exatamente um ano depois do atentado contra dois clubes noturnos na ilha indonésia de Bali, que matou 202 pessoas, e três anos após a ação contra um destróier norte-americano ancorado no porto iemenita de Áden, no qual morreram 17 militares norte-americanos.
A ação também representa um golpe para o presidente George W. Bush, que tenta reforçar o apoio à sua decisão de invadir o Iraque enfatizando o que de positivo ocorreu depois da queda do regime de Saddam. Pesquisas de opinião pública, contudo, mostram que a popularidade do presidente vai caindo à medida em que se elevam os custos da operação, tanto em vidas de soldados como em dinheiro.
Ibrahim disse que a explosão ocorreu a cem metros do hotel, em torno das 12h45 e deixou uma cratera de três metros de diâmetro. Um muro de concreto antibombas construído em torno do hotel ficou em pedaços por conta da força dos explosivos.
"O Iraque se tornou um lugar de morte, ódio e explosões", disse o iraquiano Safa Adil, que testemunhou a explosão.
O principal representante norte-americano no Iraque disse que o ataque mostra que os guerrilheiros não se deterão diante de nada em seu esforço para sabotar os esforços de reconstrução. "Os terroristas não terão sucesso", disse Paul Bremer. "Nem a coalizão nem o povo iraquiano serão intimidados em seu caminho para um Iraque democrático."
Ataques contra tropas de ocupação no Iraque já deixaram 94 soldados dos EUA mortos desde que Washington declarou o fim das principais operações de combate, em 1º de maio passado. Além disso, bombas atingiram o QG das Nações Unidas, a embaixada da Jordânia e um hotel usado pela imprensa americana. Iraquianos que colaboram com a administração pró-americana também foram alvos de ações. Na quinta-feira, um carro-bomba matou ao menos oito iraquianos diante de posto da polícia iraquiana em Bagdá.
Ontem pela manhã, uma bomba colocada no leito de uma estrada atingiu um comboio de três veículos civis no centro de Bagdá, ferindo cinco iraquianos. Quando forças dos EUA isolaram a área, formou-se uma multidão de iraquianos e um jovem lançou um explosivo contra um veículo militar. Um soldado americano ficou levemente ferido.
Uma outra bomba armada em uma estrada explodiu perto de uma base dos Estados Unidos na cidade de Tikrit, ferindo três soldados. De acordo com os militares norte-americanos, as forças de ocupação vêm sofrendo de 12 a 25 ataques por dia.

Com agências internacionais


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