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ELEIÇÃO NOS EUA
Terceiro e último confronto entre os candidatos, hoje, abordará assuntos em que o presidente é mal avaliado
Bush vai para o debate em desvantagem
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL AO ARIZONA
O presidente americano, George W. Bush, entra na arena do terceiro e último debate presidencial
na noite de hoje em Tempe, Arizona, com desvantagem em relação a seu oponente, o democrata
John Kerry, em assuntos domésticos e relacionados à economia
dos Estados Unidos.
Pesquisa "USA Today"/CNN/
Gallup divulgada anteontem à
noite mostrou Kerry à frente de
Bush nos principais temas que
devem ser abordados no debate.
Além de mais confiável em relação à sua política para impostos,
Bush só mantém vantagem sobre
Kerry em relação à sua liderança
na guerra ao terror e no Iraque, temas que devem ficar de fora hoje.
Em todos os demais assuntos
abordados na pesquisa, Kerry é
mais bem avaliado pelo eleitorado. A pesquisa mostrou também
que 45% dos eleitores acham que
Kerry venceu o segundo debate,
na sexta passada, contra 30% que
gostaram mais do desempenho
do presidente. No geral, no entanto, os dois candidatos permanecem em situação de empate técnico. Kerry tem 49% das intenções
de voto, e Bush, 48%.
O levantamento mostrou ainda
que a aprovação geral de Bush retrocedeu aos níveis de julho, para
47%, com dois terços do eleitorado considerando o estado geral da
economia americana como "razoável ou fraco".
Kerry leva vantagem de quatro
pontos percentuais sobre Bush
em relação a assuntos econômicos e de até 19 pontos em temas
relacionados à saúde, dois dos
principais focos de interesse do
eleitorado e do debate de hoje.
Em relação à guerra ao terrorismo, Bush mantém vantagem de
17 pontos sobre Kerry. Em relação
ao Iraque, de sete pontos.
A aprovação do eleitorado em
relação à invasão do Iraque, no
entanto, voltou a cair, com 54%
dos pesquisados afirmando que a
guerra não valeu a pena. O nível é
o mesmo do apurado durante o
escândalo causado pelos casos de
tortura na prisão de Abu Ghraib.
Em comício ontem em Colorado Springs (Colorado), o presidente voltou a criticar seu rival.
Os debates "salientaram as claras
diferenças entre o senador e eu
em questões que vão de empregos
a impostos, seguro-saúde e guerra
ao terror", disse Bush. "Meu oponente mostrou por que mereceu o
título de membro mais esquerdista do Senado." Kerry não fez campanha, preferindo ficar preparando-se para o debate.
Estudo divulgado ontem também mostrou que 39 milhões de
americanos são membros de famílias de baixa renda no país.
O trabalho, patrocinado pelas
fundações Ford e Rockefeller,
considera como sendo de ""baixa
renda" famílias de quatro membros que ganham menos de US$
36.488 ao ano, pouco mais da metade da renda média familiar nos
EUA, de US$ 62.732. O estudo
mostrou que 1 em cada 5 empregos nos EUA paga menos do que é
considerado o "nível de pobreza"
no país (US$ 18.244 ao ano).
Embora os níveis de desemprego venham retrocedendo desde o
final de 2003, o assunto deverá ser
um dos principais focos dos ataques de Kerry no debate de hoje.
Cerca de 1,5 milhão de empregos foram criados no país desde o
início do ano, mas os EUA mantêm um saldo líquido negativo de
585 mil vagas fechadas desde que
Bush assumiu a Presidência.
Depois que economistas da Casa Branca previram a criação de
3,6 milhões de empregos até o final deste ano, Bush deve terminar
como o primeiro presidente desde Herbert Hoover (1929-33) a ver
mais vagas fechadas do que abertas em seu mandato.
Mais de 650 especialistas em relações exteriores divulgaram ontem carta aberta em que condenam a política externa de Bush.
Os signatários -a maioria acadêmicos americanos, mas também
de outros países- afirmam que
"os resultados dessa política foram totalmente negativos para os
interesses dos EUA".
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