São Paulo, quarta-feira, 13 de outubro de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Terceiro e último confronto entre os candidatos, hoje, abordará assuntos em que o presidente é mal avaliado

Bush vai para o debate em desvantagem

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL AO ARIZONA

O presidente americano, George W. Bush, entra na arena do terceiro e último debate presidencial na noite de hoje em Tempe, Arizona, com desvantagem em relação a seu oponente, o democrata John Kerry, em assuntos domésticos e relacionados à economia dos Estados Unidos.
Pesquisa "USA Today"/CNN/ Gallup divulgada anteontem à noite mostrou Kerry à frente de Bush nos principais temas que devem ser abordados no debate.
Além de mais confiável em relação à sua política para impostos, Bush só mantém vantagem sobre Kerry em relação à sua liderança na guerra ao terror e no Iraque, temas que devem ficar de fora hoje.
Em todos os demais assuntos abordados na pesquisa, Kerry é mais bem avaliado pelo eleitorado. A pesquisa mostrou também que 45% dos eleitores acham que Kerry venceu o segundo debate, na sexta passada, contra 30% que gostaram mais do desempenho do presidente. No geral, no entanto, os dois candidatos permanecem em situação de empate técnico. Kerry tem 49% das intenções de voto, e Bush, 48%.
O levantamento mostrou ainda que a aprovação geral de Bush retrocedeu aos níveis de julho, para 47%, com dois terços do eleitorado considerando o estado geral da economia americana como "razoável ou fraco".
Kerry leva vantagem de quatro pontos percentuais sobre Bush em relação a assuntos econômicos e de até 19 pontos em temas relacionados à saúde, dois dos principais focos de interesse do eleitorado e do debate de hoje.
Em relação à guerra ao terrorismo, Bush mantém vantagem de 17 pontos sobre Kerry. Em relação ao Iraque, de sete pontos.
A aprovação do eleitorado em relação à invasão do Iraque, no entanto, voltou a cair, com 54% dos pesquisados afirmando que a guerra não valeu a pena. O nível é o mesmo do apurado durante o escândalo causado pelos casos de tortura na prisão de Abu Ghraib.
Em comício ontem em Colorado Springs (Colorado), o presidente voltou a criticar seu rival. Os debates "salientaram as claras diferenças entre o senador e eu em questões que vão de empregos a impostos, seguro-saúde e guerra ao terror", disse Bush. "Meu oponente mostrou por que mereceu o título de membro mais esquerdista do Senado." Kerry não fez campanha, preferindo ficar preparando-se para o debate.
Estudo divulgado ontem também mostrou que 39 milhões de americanos são membros de famílias de baixa renda no país.
O trabalho, patrocinado pelas fundações Ford e Rockefeller, considera como sendo de ""baixa renda" famílias de quatro membros que ganham menos de US$ 36.488 ao ano, pouco mais da metade da renda média familiar nos EUA, de US$ 62.732. O estudo mostrou que 1 em cada 5 empregos nos EUA paga menos do que é considerado o "nível de pobreza" no país (US$ 18.244 ao ano).
Embora os níveis de desemprego venham retrocedendo desde o final de 2003, o assunto deverá ser um dos principais focos dos ataques de Kerry no debate de hoje.
Cerca de 1,5 milhão de empregos foram criados no país desde o início do ano, mas os EUA mantêm um saldo líquido negativo de 585 mil vagas fechadas desde que Bush assumiu a Presidência.
Depois que economistas da Casa Branca previram a criação de 3,6 milhões de empregos até o final deste ano, Bush deve terminar como o primeiro presidente desde Herbert Hoover (1929-33) a ver mais vagas fechadas do que abertas em seu mandato.
Mais de 650 especialistas em relações exteriores divulgaram ontem carta aberta em que condenam a política externa de Bush. Os signatários -a maioria acadêmicos americanos, mas também de outros países- afirmam que "os resultados dessa política foram totalmente negativos para os interesses dos EUA".


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