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Hospital reserva 2 pisos para mineiros
No 3º andar, ficarão os dez resgatados em estado mais grave e uma UTI reforçada, sem acesso dos parentes
Já no 2º, devem ficar os tidos como saudáveis; todos terão de passar pelo menos 48 horas na instituição em Copiapó
DA ENVIADA A COPIAPÓ (CHILE)
Pedro Gutierrez, 24, mineiro, estava ontem pela manhã
na sala de espera da emergência do Hospital Regional
San José del Carmen, o mesmo para onde os mineiros
resgatados na mina San José
devem ser levados.
Gutierrez esperava para
ser internado. Ele sofre um
sangramento incessante no
estômago. Cigarro demais?
"Não, álcool demais", diz.
Pedro trabalha em uma
mina de cobre de Terra Amarela, vizinha a Copiapó. Roupas sujas, cara inchada, pele
torrada, ele tem de pagar pelos exames no hospital.
É que, apesar de público, o
lugar cobra para realizar alguns serviços. Um exame de
sedimento de urina sai pelo
equivalente a R$ 0,50, mas se
não pagar, não faz.
Pedro acha que os mineiros resgatados ficarão ricos.
"Famosos eles já são." Mas
adverte os colegas: "Não se
esqueçam de que mineiro rico da noite para o dia é até comum. Mas é um ouro maldito. Difícil é se manter rico".
Para os mineiros resgatados da San José, foram reservados o segundo e o terceiro
andares do hospital. O térreo
e a pediatria continuarão
atendendo as pessoas comuns, além de parte da UTI.
No terceiro piso do hospital, ficarão os dez mineiros
em condições mais graves de
saúde. Alguns deverão passar por pequenas cirurgias.
Cauterização de feridas
causadas por fungos e extração de dentes condenados
são as principais intervenções esperadas. A UTI foi reforçada com dez leitos extras.
Nesse terceiro piso, o acesso das famílias será restrito
-elas ficarão em uma sala de
espera-, e todo o andar estará guardado por policiais.
Os mineiros considerados
saudáveis serão levados ao
segundo andar do hospital.
Lá, os homens serão alojados
em apartamentos individuais com banheiro. Terão
direito a um acompanhante.
Todos os mineiros deverão
permanecer no hospital por
um mínimo de 48 horas
-mesmo os que estiverem
em boas condições de saúde.
O prefeito de Copiapó, Maglio Cicardini, bigodão, cabelos presos em um rabo de cavalo e botas de bico fino (reluzentes apesar da poeira
onipresente), mandou fazer
50 faixas para homenagear
os mineiros. Afixou-as todas
no entorno do hospital.
"Bem-vindos, Heróis. Saúda-os seu prefeito e a comunidade copiapina", dizem as
faixas, que também estampam uma foto de Cicardini.
Desde cedo, o bigodão se
postou diante do hospital.
Ele prometia ajudar as famílias com o dinheiro da festa
que todas pretendem realizar. "Mas não me façam todas elas no sábado", dizia
ele, que quer estar em todas.
(LAURA CAPRIGLIONE)
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