São Paulo, quarta-feira, 13 de outubro de 2010

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Invasão da mídia cria hiperinflação no meio do deserto

Em Copiapó, cidade mais próxima da mina San José, taxistas, moradores e os donos de hotéis faturam alto

Corrida de táxi desde o centro até o local do acidente tem salto de até 1.500%; na cidade, hospedagem é escassa

DA ENVIADA A COPIAPÓ (CHILE)

O resgate dos mineiros ainda não foi concluído, mas pelo menos uma coisa já terminou (ou quase) em Copiapó: a hospitalidade.
A cidade de 50 mil habitantes resolveu faturar com o drama dos mineiros soterrados, aproveitando o tsunami de jornalistas que invadiu o local, na beira do deserto.
Uma emissora japonesa alugou a garagem da casinha que fica bem na frente do hospital regional de Copiapó. O dono ganhou a sorte grande: 700 mil pesos por dia, durante sete dias. São cerca de R$ 17 mil.
O centro de Copiapó fica a 53 km da mina San José. Sem trânsito (que nunca houve, mas agora há), a viagem pela estrada empoeirada leva no máximo 33 minutos.
Antes da onda gigante de jornalistas, os táxis da cidade nem queriam fazer a viagem. Preferiam faturar na cidade a correr o risco de ir cheios e voltar vazios.
Quando faziam, cobravam extra sobre o taxímetro. Mas a viagem não custava mais do que 15 mil pesos (R$ 52).
Foi só o governo anunciar que a perfuração estava prestes a atingir a câmera onde estão os mineiros e o preço duplicou: foi para 30 mil pesos (R$ 104).
Ontem, já iniciada a contagem regressiva para o resgate, a corrida atingiu o valor de 200 mil pesos (R$ 705).
E havia taxista pedindo 250 mil pesos (não se sabe se conseguiu passageiro).
Alugar um carro é impossível. Nas locadoras que funcionam no aeroporto de Copiapó, há uma lista de espera com mais de cem nomes.
Os hotéis comemoram a lotação total. Quem chega agora a Copiapó tem de se contentar em alugar quartos em casas de famílias -100 mil pesos é preço mínimo (R$ 350). Ou tem como alternativa ficar em motéis, como o Kamasutra ou o Sonho Azul -ainda há vagas.
O ônibus do Exército que transporta as famílias todos os dias do centro para a mina, e que também levava os jornalistas credenciados, fechou as portas para a imprensa.
(LAURA CAPRIGLIONE)


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