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Invasão da mídia cria hiperinflação no meio do deserto
Em Copiapó, cidade mais próxima da mina San José, taxistas, moradores e os donos de hotéis faturam alto
Corrida de táxi desde
o centro até o local do acidente tem salto de até 1.500%; na cidade, hospedagem é escassa
DA ENVIADA A COPIAPÓ (CHILE)
O resgate dos mineiros
ainda não foi concluído, mas
pelo menos uma coisa já terminou (ou quase) em Copiapó: a hospitalidade.
A cidade de 50 mil habitantes resolveu faturar com o
drama dos mineiros soterrados, aproveitando o tsunami
de jornalistas que invadiu o
local, na beira do deserto.
Uma emissora japonesa
alugou a garagem da casinha
que fica bem na frente do
hospital regional de Copiapó. O dono ganhou a sorte
grande: 700 mil pesos por
dia, durante sete dias. São
cerca de R$ 17 mil.
O centro de Copiapó fica a
53 km da mina San José. Sem
trânsito (que nunca houve,
mas agora há), a viagem pela
estrada empoeirada leva no
máximo 33 minutos.
Antes da onda gigante de
jornalistas, os táxis da cidade
nem queriam fazer a viagem.
Preferiam faturar na cidade a
correr o risco de ir cheios e
voltar vazios.
Quando faziam, cobravam
extra sobre o taxímetro. Mas
a viagem não custava mais
do que 15 mil pesos (R$ 52).
Foi só o governo anunciar
que a perfuração estava prestes a atingir a câmera onde
estão os mineiros e o preço
duplicou: foi para 30 mil pesos (R$ 104).
Ontem, já iniciada a contagem regressiva para o resgate, a corrida atingiu o valor
de 200 mil pesos (R$ 705).
E havia taxista pedindo
250 mil pesos (não se sabe se
conseguiu passageiro).
Alugar um carro é impossível. Nas locadoras que funcionam no aeroporto de Copiapó, há uma lista de espera
com mais de cem nomes.
Os hotéis comemoram a
lotação total. Quem chega
agora a Copiapó tem de se
contentar em alugar quartos
em casas de famílias -100
mil pesos é preço mínimo (R$
350). Ou tem como alternativa ficar em motéis, como o
Kamasutra ou o Sonho Azul
-ainda há vagas.
O ônibus do Exército que
transporta as famílias todos
os dias do centro para a mina, e que também levava os
jornalistas credenciados, fechou as portas para a imprensa.
(LAURA CAPRIGLIONE)
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