|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AMÉRICA LATINA
EUA fazem alerta
ONU critica estatuto antiterror colombiano
DA REDAÇÃO
Após oito sessões de debate, o
Congresso colombiano aprovou
por 67 votos a 23 uma lei antiterrorista que amplia os poderes das
forças militares no combate a grupos guerrilheiros terroristas e
narcotraficantes, em meio a protestos da oposição ao presidente
Álvaro Uribe e a advertências e
críticas da ONU e de entidades de
defesa dos direitos humanos.
A aprovação foi criticada pelo
escritório da ONU na Colômbia.
"O escritório ressalta que, ao
aprovar essas mudanças constitucionais, não foram levadas em
conta nem as recomendações do
Alto Comissariado para a Colômbia nem as de outros órgãos internacionais", diz nota à imprensa
distribuída ontem.
O senador da oposição Darío
Martínez disse que, com a iniciativa, a Colômbia vai passar "de um
Estado democrático para outro
autoritário e despótico".
Em nota, a Anistia Internacional disse que o estatuto terá um
"impacto desastroso". "Os militares, que têm um histórico ruim
com relação aos direitos humanos, agora terão o poder para investigar e deter civis."
Os novos poderes terão um prazo limitado de quatro anos
-prorrogáveis por um período
igual- e permitem aos militares
realizar prisões sem ordem judicial e buscas sem mandado, além
de interceptar comunicações.
A nova legislação amplia o prazo para que os capturados sejam
levados a uma autoridade judicial
e autoriza buscas em casas de moradores de regiões em conflito.
O Ministério Público ainda pode autorizar as Forças Armadas a
exercerem a função de polícia judicial, permitindo que recolham
provas e façam remoção de cadáveres em locais de difícil acesso.
O ministro do Interior, Sabas
Pretelt, disse que o estatuto depende da revisão da Corte Constitucional e pode vigorar em agosto. "Tenham certeza que as autoridades e o governo apenas vão
utilizar essas medidas para lutar
contra o terrorismo", disse.
Para o senador governista Rafael Pardo, o estatuto "é um instrumento delimitado no tempo e
com uma série de controles".
"Tem de haver aviso imediato à
Procuradoria em caso de prisões
ou de intercepções sem ordem judicial; tem de haver controle judicial nas 36 horas seguintes. Quem
abusar dessas medidas sofrerá
medidas severas", disse.
A Colômbia vive uma sangrenta
guerra civil há quatro décadas.
Uribe chegou ao poder no ano
passado prometendo combater
os grupos terroristas, que incluem
guerrilhas de esquerda e paramilitares de direita. Estes iniciaram
desmobilização em novembro.
Os EUA, que têm em Uribe seu
maior aliado na América do Sul,
alertaram ontem para "uma alta
probabilidade de um ou mais ataques terroristas" em Bogotá nos
próximos dias e pediram que cidadãos americanos evitassem o
aeroporto da capital.
Com agências internacionais
Texto Anterior: África: Choques matam ao menos 19 na Costa do Marfim Próximo Texto: Afeganistão: Assembléia afegã tem um novo adiamento Índice
|