São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

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Caminhão-bomba mata 70 xiitas em fila de emprego

Motorista de veículo que explodiu em Bagdá atraiu público com oferta de trabalho

Presidente americano abre consultas internas para ter nova estratégia no Iraque e anunciá-la em janeiro; pesquisas são desfavoráveis

DA REDAÇÃO

Um caminhão-bomba matou ontem 70 pessoas e feriu 236 no centro de Bagdá. O veículo que transportava explosivos atraiu pessoas humildes, em sua maioria xiitas, com a promessa de trabalho.
O atentado ocorreu diante do mercado da praça Tarayan, local de recrutamento de mão-de-obra informal.
O primeiro-ministro xiita, Nouri Maliki, atribuiu o atentado a "aliados de Saddam Hussein", enquanto o presidente sunita do Parlamento, Mahmud Mashhadani, apelou para que os grupos armados observassem trégua de dois meses.
Abu Hussein, 45, um dos sobreviventes, disse que o caminhão transportava sacos de trigo, e seu motorista anunciou em voz alta que pagaria bem ao grupo que o ajudasse a descarregar. A polícia acredita que um automóvel estacionado ao lado também tivesse explosivos, o que potencializou o atentado.
Nas últimas semanas, diz o "New York Times", o comando americano interpreta a sucessão de episódios como uma batalha pelo controle de Bagdá, com sunitas mortos por esquadrões da morte xiitas, e estes sendo atingidos em operações em que a insurgência sunita se alia eventualmente à Al Qaeda.
O atentado, um dos mais mortíferos do gênero, coincide com o início das consultas internas ao governo americano, pelas quais o presidente George W. Bush definirá um novo plano para o Iraque. A Casa Branca havia indicado que o plano seria divulgado antes do Natal, mas ontem a secretária de Estado, Condoleezza Rice, adiou o anúncio para janeiro.
Uma das questões é a de saber como pressionar o premiê Maliki a tomar medidas mais agressivas para neutralizar os grupos armados, e assim permitir que militares americanos deixem o país. O comando dos EUA no Iraque anunciou ontem a morte de cinco de seus militares, três em confrontos e dois em acidentes.
Também ontem, militares americanos e policiais descobriram e desarmaram uma bomba na mesquita de Askariya, em Samarra, um dos santuários xiitas mais importantes do Iraque. É a mesma mesquita que, ao ser parcialmente destruída em fevereiro, desencadeou uma intensa onda de atentados sectários.
Um cinegrafista da Associated Press, Aswan Ahmed Luftallah, foi morto ontem por insurgentes em Mossul, ao norte do país. Desde a invasão americana já foram mortos 89 jornalistas e 37 integrantes de equipes de apoio às reportagens.

Consultas de Bush
As consultas de Bush sobre a reformulação de sua estratégia para o Iraque começaram anteontem, no Departamento de Estado e na Casa Branca. Ele também conversou longamente com chefes militares.
Ontem elas prosseguiram, com o presidente recebendo o vice-presidente iraquiano, Tariq Hashemi, também dirigente do mais poderoso partido sunita. Em seguida, o presidente participou de uma videoconferência com comandantes americanos, da qual participaram Donald Rumsfeld, que está deixando a chefia do Pentágono, e o embaixador americano em Bagdá, Zalmay Khalilzad.

Pesquisa
O jornal "USA Today" publica hoje pesquisa encomendada ao Gallup, segundo a qual apenas 16% dos americanos acreditam que os EUA e seus aliados estejam vencendo a Guerra do Iraque. Há um ano, 40% davam a mesma resposta.
Em outro quesito, 76% acham que o Iraque está em guerra civil, contra 22% que pensam o contrário.


Com agências internacionais


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