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Caminhão-bomba mata 70 xiitas em fila de emprego
Motorista de veículo que explodiu em Bagdá atraiu público com oferta de trabalho
Presidente americano abre
consultas internas para ter
nova estratégia no Iraque
e anunciá-la em janeiro;
pesquisas são desfavoráveis
DA REDAÇÃO
Um caminhão-bomba matou
ontem 70 pessoas e feriu 236
no centro de Bagdá. O veículo
que transportava explosivos
atraiu pessoas humildes, em
sua maioria xiitas, com a promessa de trabalho.
O atentado ocorreu diante do
mercado da praça Tarayan, local de recrutamento de mão-de-obra informal.
O primeiro-ministro xiita,
Nouri Maliki, atribuiu o atentado a "aliados de Saddam Hussein", enquanto o presidente
sunita do Parlamento, Mahmud Mashhadani, apelou para
que os grupos armados observassem trégua de dois meses.
Abu Hussein, 45, um dos sobreviventes, disse que o caminhão transportava sacos de trigo, e seu motorista anunciou
em voz alta que pagaria bem ao
grupo que o ajudasse a descarregar. A polícia acredita que um
automóvel estacionado ao lado
também tivesse explosivos, o
que potencializou o atentado.
Nas últimas semanas, diz o
"New York Times", o comando
americano interpreta a sucessão de episódios como uma batalha pelo controle de Bagdá,
com sunitas mortos por esquadrões da morte xiitas, e estes
sendo atingidos em operações
em que a insurgência sunita se
alia eventualmente à Al Qaeda.
O atentado, um dos mais
mortíferos do gênero, coincide
com o início das consultas internas ao governo americano,
pelas quais o presidente George
W. Bush definirá um novo plano para o Iraque. A Casa Branca
havia indicado que o plano seria divulgado antes do Natal,
mas ontem a secretária de Estado, Condoleezza Rice, adiou o
anúncio para janeiro.
Uma das questões é a de saber como pressionar o premiê
Maliki a tomar medidas mais
agressivas para neutralizar os
grupos armados, e assim permitir que militares americanos
deixem o país. O comando dos
EUA no Iraque anunciou ontem a morte de cinco de seus
militares, três em confrontos e
dois em acidentes.
Também ontem, militares
americanos e policiais descobriram e desarmaram uma
bomba na mesquita de Askariya, em Samarra, um dos santuários xiitas mais importantes
do Iraque. É a mesma mesquita
que, ao ser parcialmente destruída em fevereiro, desencadeou uma intensa onda de
atentados sectários.
Um cinegrafista da Associated Press, Aswan Ahmed Luftallah, foi morto ontem por insurgentes em Mossul, ao norte
do país. Desde a invasão americana já foram mortos 89 jornalistas e 37 integrantes de equipes de apoio às reportagens.
Consultas de Bush
As consultas de Bush sobre a
reformulação de sua estratégia
para o Iraque começaram anteontem, no Departamento de
Estado e na Casa Branca. Ele
também conversou longamente com chefes militares.
Ontem elas prosseguiram,
com o presidente recebendo o
vice-presidente iraquiano, Tariq Hashemi, também dirigente
do mais poderoso partido sunita. Em seguida, o presidente
participou de uma videoconferência com comandantes americanos, da qual participaram
Donald Rumsfeld, que está deixando a chefia do Pentágono, e
o embaixador americano em
Bagdá, Zalmay Khalilzad.
Pesquisa
O jornal "USA Today" publica hoje pesquisa encomendada
ao Gallup, segundo a qual apenas 16% dos americanos acreditam que os EUA e seus aliados estejam vencendo a Guerra
do Iraque. Há um ano, 40% davam a mesma resposta.
Em outro quesito, 76%
acham que o Iraque está em
guerra civil, contra 22% que
pensam o contrário.
Com agências internacionais
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