São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

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Empresário nega ligação com Hizbollah

Abdallah, que tem negócios do lado paraguaio da Tríplice Fronteira, teve ativos congelados pelos EUA

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CIUDAD DEL ESTE

O empresário libanês naturalizado paraguaio Mohammad Youssef Abdallah, 54, apontado pelo Departamento do Tesouro dos EUA como líder do Hizbollah e financiador da milícia libanesa na região da Tríplice Fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, disse ontem à Folha ser vítima de "confusão de nomes". Ele negou qualquer envolvimento político.
Abdallah e outros oito árabes da região foram colocados em uma lista negra pelo Departamento do Tesouro, acusados de serem financiadores do Hizbollah, auxiliando Assad Ahmad Barakat na obtenção de recursos para o grupo, considerado terrorista pelos EUA.
Preso desde 2002 em Assunção, Barakat, que tem mulher e filhos brasileiros, foi condenado a seis anos e meio de detenção pela Justiça paraguaia por sonegação fiscal e associação criminosa. Apontado como líder de uma rede de financiadores do Hizbollah pelos EUA, sua ligação com o terrorismo não foi comprovada pela Justiça paraguaia.
Na semana passada, o Tesouro dos EUA impôs sanções contra duas empresas e nove pessoas da Tríplice Fronteira suspeitas de financiar o Hizbollah.
"Essa história toda é porque o Barakat teve um loja na Galeria Page [uma das empresas atingida pela medida dos EUA]. Ninguém tem envolvimento algum. No meu caso houve confusão com um possível homônimo, já que a grafia de meu nome é Youssef, e não Yusif, como foi divulgado pelo Tesouro americano", disse Abdallah.
Ele afirmou que foi dono de várias lojas na galeria Page -um prédio de oito andares no centro de Ciudad del Este-, mas disse já não ter imóveis no local. Abdallah vive no 19º andar do edifício Mesquita, onde construiu uma mesquita xiita.
"Vivo hoje de aluguel de imóveis. Estou há 27 anos na região, tenho dois filhos e uma filha que vivem no Brasil. Não seria nessa altura que iria aceitar a pecha de envolvido com interesses políticos", disse.
O administrador da galeria Page, Muhammad Tarabain Chamas -apontado por outros árabes como um dos homens mais ricos de Ciudad del Este- e integrante da lista do Tesouro americano, se negou a receber os repórteres da Folha. Um segurança armado disse que ele não iria conversar com a imprensa. Chamas tem apartamentos em Foz do Iguaçu, onde vive com a família.
Na galeria Page não há a loja Hamze -o outro estabelecimento da lista dos EUA-, que seria de Hamzi Ahmad Barakat. Segundo membros da comunidade xiita em Ciudad del Este, Hamzi Barakat vive em Curitiba, onde tem representação para venda de celulares de um empresa brasileira.
Os outro citados ainda possuem ou tiveram ligação com a a galeria, como Muhammad Fayez Barakat, Saleh Mahmoud Fayad e Sobhi Mahmoud Fayad -preso e condenado, como Assad Ahmad Barakat, pela Justiça paraguaia por sonegação fiscal. Ali Muhammad Kazan, outro da lista, é coordenador da escola Libanês-Brasileria de Foz do Iguaçu. Farouk Omairi, outro que consta da lista dos EUA, não estaria mais na região, segundo Abdallah.


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