|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Empresário nega ligação com Hizbollah
Abdallah, que tem negócios do lado paraguaio da Tríplice Fronteira, teve ativos congelados pelos EUA
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM CIUDAD DEL ESTE
O empresário libanês naturalizado paraguaio Mohammad
Youssef Abdallah, 54, apontado
pelo Departamento do Tesouro
dos EUA como líder do Hizbollah e financiador da milícia libanesa na região da Tríplice
Fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, disse ontem à
Folha ser vítima de "confusão
de nomes". Ele negou qualquer
envolvimento político.
Abdallah e outros oito árabes
da região foram colocados em
uma lista negra pelo Departamento do Tesouro, acusados de
serem financiadores do Hizbollah, auxiliando Assad Ahmad
Barakat na obtenção de recursos para o grupo, considerado
terrorista pelos EUA.
Preso desde 2002 em Assunção, Barakat, que tem mulher e
filhos brasileiros, foi condenado a seis anos e meio de detenção pela Justiça paraguaia por
sonegação fiscal e associação
criminosa. Apontado como líder de uma rede de financiadores do Hizbollah pelos EUA,
sua ligação com o terrorismo
não foi comprovada pela Justiça paraguaia.
Na semana passada, o Tesouro dos EUA impôs sanções contra duas empresas e nove pessoas da Tríplice Fronteira suspeitas de financiar o Hizbollah.
"Essa história toda é porque
o Barakat teve um loja na Galeria Page [uma das empresas
atingida pela medida dos EUA].
Ninguém tem envolvimento algum. No meu caso houve confusão com um possível homônimo, já que a grafia de meu nome é Youssef, e não Yusif, como
foi divulgado pelo Tesouro
americano", disse Abdallah.
Ele afirmou que foi dono de
várias lojas na galeria Page
-um prédio de oito andares no
centro de Ciudad del Este-,
mas disse já não ter imóveis no
local. Abdallah vive no 19º andar do edifício Mesquita, onde
construiu uma mesquita xiita.
"Vivo hoje de aluguel de imóveis. Estou há 27 anos na região, tenho dois filhos e uma filha que vivem no Brasil. Não seria nessa altura que iria aceitar
a pecha de envolvido com interesses políticos", disse.
O administrador da galeria
Page, Muhammad Tarabain
Chamas -apontado por outros
árabes como um dos homens
mais ricos de Ciudad del Este-
e integrante da lista do Tesouro
americano, se negou a receber
os repórteres da Folha. Um segurança armado disse que ele
não iria conversar com a imprensa. Chamas tem apartamentos em Foz do Iguaçu, onde vive com a família.
Na galeria Page não há a loja
Hamze -o outro estabelecimento da lista dos EUA-, que
seria de Hamzi Ahmad Barakat. Segundo membros da comunidade xiita em Ciudad del
Este, Hamzi Barakat vive em
Curitiba, onde tem representação para venda de celulares de
um empresa brasileira.
Os outro citados ainda possuem ou tiveram ligação com a
a galeria, como Muhammad
Fayez Barakat, Saleh Mahmoud Fayad e Sobhi Mahmoud
Fayad -preso e condenado, como Assad Ahmad Barakat, pela
Justiça paraguaia por sonegação fiscal. Ali Muhammad Kazan, outro da lista, é coordenador da escola Libanês-Brasileria de Foz do Iguaçu. Farouk
Omairi, outro que consta da lista dos EUA, não estaria mais na
região, segundo Abdallah.
Texto Anterior: Caminhão-bomba mata 70 xiitas em fila de emprego Próximo Texto: Questão nuclear: Olmert deixa subentendido que Israel tem arma atômica Índice
|