DO ENVIADO A SANTIAGO

Autor dos três volumes de "História Geral do Chile" (ed.Sudamericana), o historiador Alfredo Jocelyn-Holt diz que a eleição de hoje marca o fim da Concertação e da velha polarização chilena entre esquerda e direita. Mesmo que ganhe Eduardo Frei, afirma ele, a coalizão governista há 20 anos no poder terá que se abrir a outros setores para sobreviver. Leia a seguir trechos da entrevista com Jocelyn-Holt:0 (TG)

 

FOLHA - Por que a eleição representa o fim da velha clivagem esquerda-direita no país?
ALFREDO JOCELYN-HOLT - A maior novidade é que três candidaturas venham da Concertação. Uma delas, a de Marco Enríquez-Ominami, tem base de protesto contra a Concertação e um componente geracional difícil de definir em termos de esquerda ou direita.

FOLHA - Em sua opinião, quais são as principais razões do retrocesso da Concertação?
JOCELYN-HOLT - Vinte anos de governo, um desgaste enorme. Ensimesmamento das estruturas políticas do governo. Crescente corrupção, processos que não se realizaram, sobretudo a nova Constituição e as sequelas de um modelo de má distribuição de renda, segregação urbana, problema educacional, no transporte público em Santiago.

FOLHA - E a direita? Superou suas divisões internas?
JOCELYN-HOLT - Estamos por ver. Se unificaram no primeiro turno, mas quando entram em temas de valor, como casamento homossexual, há mais possibilidade [de divisões].


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