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[!]Foco
Em NY, briga no gel serve de terapia para mulheres e diversão para homens
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK
De dia, Karen Mitchels,
32, é executiva de um banco
de investimentos em Wall
Street. Usa scarpin salto alto
Christian Louboutin (ela
mostra), tailleur Dolce &
Gabbana, brincos e anéis Tiffany, óculos de sol Prada e
batom Victoria's Secret.
À noite, longe do mercado
financeiro, é Jezebel. Sem
nada. Ou melhor: de biquíni
de bolinha amarelinha, comprado a US$ 20 numa feira
hippie, para não ter a genitália desnudada ou ficar com
os seios ao léu.
Duas vezes ao mês, Mitchels vai ao "Amateur Female Jello Wrestling". Em português, uma luta livre amadora de mulheres. O show
acontece num bar do Lower
East Side, no sul de Manhattan. Qualquer um pode entrar, mas só elas lutam.
A organização do evento
diz que "mulheres de todos
os tamanhos, formas e nível
técnico são estimuladas a
participar". Mas é preciso
chegar às 18h30 (a luta começa às 20h) para esclarecimentos sobre o que pode e o
que não pode ser feito.
O que pode: empurrar,
agarrar, puxar, abraçar, derrubar. O que não pode: unhadas, socos e mão naquilo. Na
prática, vale tudo.
Todas as participantes
têm nome de guerra e vestem-se de acordo. As mais
populares têm torcida, que
grita, empurra e até puxa cabelo. Vale tudo, lembra?
"Uma amiga me trouxe
aqui. E eu trouxe outra, que
trouxe outra. Penso que estou batendo no chefe durante a luta. É ótimo canalizar
toda a raiva em alguém", diz
Mitchels. Aliás, Jezebel.
O ringue é uma banheira
inflável de espuma e gel. Elas
escorregam, caem, levantam, empurram. Na platéia,
homens (na maioria solteiros e desacompanhados) deliram. "Pagaria o que fosse
para estar no meio delas",
diz o economista Brian Collins, 29, cerveja na mão.
Mas o que leva mulheres
bem-sucedidas a se despir,
subir num ringue e bater (e
apanhar)? "Não é o tipo de
coisa que mulheres comuns
fazem. E é mais um show do
que uma competição esportiva", diz Dana Sterling, organizadora do evento.
Barbara, 34, freqüenta a
festa há dez meses. Codinome: Safo, aquela, a poetisa da
ilha de Lesbos. Mas a sexualidade das participantes não
é discutida no bar.
"Criamos nossas próprias
personagens e fazemos de
tudo com elas", diz Safo, que
é advogada e pede que seu
nome verdadeiro não seja divulgado. "Estou num clima
Paris Hilton e Britney
Spears, sem calcinha", brinca. Estava de blusa da Minnie Mouse e short jeans.
"Todo mundo tem vontade de bater nos outros. Mas
nas sociedades civilizadas
não se pode. Por isso é que é
ótimo", diz Stella Sensel,
também organizadora da luta e juíza da competição.
Sim, o evento tem vencedoras. A de dezembro foi Safo.
Para as que lutam, a entrada é gratuita. Para as que assistem, US$ 3. Homens
acompanhados de mulheres
pagam US$ 7. Homens sós,
US$ 15. "Entendeu o recado,
marmanjo? Traga uma mulher", diz o anúncio da festa.
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