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"Crise bilateral é a pior dos últimos 20 anos"
DO ENVIADO A BOGOTÁ
As reiteradas declarações de Hugo Chávez defendendo que as Farc deixem de ser consideradas
terroristas provocaram
uma onda de críticas contra o presidente venezuelano, mas reavivou o antigo debate sobre como deve
ser tratada a guerrilha de
esquerda com mais de 40
anos de existência.
"As declarações foram
uma surpresa para todos
os colombianos e tiraram
a altura e a importância do
gesto generoso do presidente Chávez ao conseguir
a liberação das reféns. Ele
apagou com o cotovelo o
que havia escrito com as
mãos", disse à Folha o ex-presidente Ernesto Samper (1998-2002).
O ex-presidente avalia
que a soma dos problemas
diplomáticos entre os dois
países e a aproximação de
Chávez com as Farc enquanto se afasta do governo Álvaro Uribe é "uma
das piores, senão a pior
crise bilateral dos últimos
20 anos" e representa "um
risco e uma ameaça real"
para a Colômbia.
Mas Samper discorda da
classificação de terrorista
dada às Farc pelo governo
colombiano. "A palavra é
uma desqualificação como
atores políticos. Obviamente, existe um conflito
na Colômbia; da mesma
forma, não se pode ignorar
que as Farc desconhecem
o direito internacional humanitário ao usar seqüestros, bombas e minas."
Sobre as declarações de
Chávez, o analista Alejo
Vargas, da Universidade
Nacional, diz que as declarações de Chávez "foram
inoportunas", mas "a proposta em sim tem sido
parte do debate nacional
durante todo o tempo".
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