São Paulo, quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

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Espião-chefe egípcio conduz negociações

DA REPORTAGEM LOCAL

Fortalecido por sucessos anteriores em mediação de conflitos, o Egito toma a dianteira como a potência mais apta a conseguir um cessar-fogo em Gaza. O homem no centro das negociações indiretas entre o Hamas e Israel é um veterano espião encarregado do trabalho braçal, enquanto o ditador Hosni Mubarak espera levar o crédito político pelo eventual acordo.
O tenente-general Omar Suleiman, 73, o todo-poderoso chefe do serviço de inteligência egípcio -a mais eficiente organização do gênero no mundo árabe-, desfruta da confiança dos dois lados do conflito por ter orquestrado a última trégua. O acordo de seis meses expirou no último dia 19.
Segundo assessores e analistas, a principal arma de Suleiman é a mescla de pragmatismo e flexibilidade, que lhe confere a capacidade de ouvir e ser ouvido tanto pelos ideólogos mais radicais do Hamas como pela cúpula do Exército israelense.
Suleiman estudou numa escola de guerra na ex-União Soviética nos anos 60, quando o governo de Nasser mantinha fortes vínculos com Moscou, e completou a formação com um mestrado em ciências políticas. Com dupla capacitação, foi rapidamente cooptado pela inteligência militar.
Após tecer a aliança entre os serviços secretos egípcio e dos EUA, ele foi alçado em 1993 à chefia do Mukhabarat, a agência nacional de inteligência. Hoje um dos homens mais influentes do Egito, é cotado para suceder Mubarak, sete anos mais velho.
Casos semelhantes são comuns no mundo árabe. Bandar Sultan, ao mesmo tempo chefe de inteligência e principal elo com os EUA, é um dos sustentáculos da realeza saudita. No Marrocos dos anos 80, Driss Basri era tido como "o vice-rei" de Hassan II. Já Barzan al Tikriti, espião-chefe de Saddam Hussein, teve o mesmo destino que o chefe - foi julgado e executado.


Com o "Independent"


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