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Olmert afirma que fez Rice mudar o voto
Em discurso em Israel, primeiro-ministro diz que interferiu na posição americana na ONU por meio de um telefonema a Bush
Departamento de Estado nega ter havido pressão externa na abstenção dos EUA em resolução que apela por cessar-fogo em Gaza
MARK LANDLER
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON
Em um caso raro de desentendimento público, o premiê
israelense, Ehud Olmert, disse
anteontem que a secretária de
Estado dos EUA, Condoleezza
Rice, foi forçada a se abster na
votação de uma resolução da
ONU -que ela havia ajudado a
redigir- sobre o conflito em
Gaza depois que ele telefonou
ao presidente George W. Bush.
"Eu disse que queria falar
com Bush por telefone", declarou Olmert em um discurso na
cidade de Ashkelon, no sul de
Israel, segundo a Associated
Press. "Fomos informados de
que ele estava no meio de um
discurso na Filadélfia, e eu disse que tinha de falar com ele
imediatamente", disse o primeiro-ministro. "Ele saiu do
palanque para falar comigo."
Israel se opôs à resolução,
que pedia o cessar-fogo imediato, afirmando que seus termos
não oferecem segurança aos israelenses. A resolução foi aprovada por 14 votos a 0, com abstenção dos EUA.
Olmert alegou que, ao comunicar seus argumentos a Bush,
o presidente ligou para Rice e
ordenou que ela se abstivesse.
"Foi um momento embaraçoso
para ela", afirmou Olmert, segundo a Associated Press.
O Departamento de Estado
dos EUA contestou a versão dada por Olmert. "A inclinação de
Rice sempre foi abster-se. A
ideia de que ela foi contestada
nessa questão é totalmente falsa", disse ontem Sean McCormack, porta-voz do departamento, que pediu esclarecimentos ao governo de Israel.
Após a votação, Rice afirmou
que os EUA "apoiavam integralmente" a resolução -que
apela pela saída israelense de
Gaza e pelo monitoramento do
tráfico de armas na fronteira do
território com o Egito-, mas
que optou por se abster à espera dos resultados a iniciativa de
paz franco-egípcia.
O chanceler palestino, Riad
Malki, se disse, no dia seguinte
à votação, surpreso com a abstenção. "Haviam nos dito que
os EUA votariam a favor", comentou.
Olmert declarou, em foro
privado, que Rice ocasionalmente precisava ser controlada
porque tinha o hábito de se
adiantar ao presidente na formulação de políticas.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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