São Paulo, quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

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HAITI EM RUÍNAS

País fala em "centenas de milhares" de mortos

"É uma catástrofe inimaginável", diz presidente René Préval; palácio presidencial, Parlamento e sede da ONU estão destruídos

Entre desaparecidos estão o chefe diplomático da ONU no país e o seu vice, o brasileiro Luiz Carlos da Costa; escolas e hospitais ruíram na capital


DA REDAÇÃO

O governo do Haiti estimava ontem em "centenas de milhares" os mortos no tremor de 7 graus na escala Richter -de grande magnitude- que devastara o país na véspera. Sobreviventes circulavam pelas ruas da capital, Porto Príncipe, desconcertados e impotentes, empilhando os corpos retirados de escombros, segundo relatos.
"É uma catástrofe (...) inimaginável", disse o presidente René Préval ao jornal americano "Miami Herald". "O Parlamento ruiu. Escolas ruíram, hospitais ruíram. Há muitas escolas com pessoas mortas dentro", afirmou, relatando a dificuldade até mesmo de se caminhar na capital devido aos escombros e corpos estirados pelas ruas. "Ouvi 50 mil [mortos]."
O premiê haitiano, Jean-Max Bellerive, disse à CNN que "milhares" de edificações colapsaram na capital -a 15 km do epicentro do terremoto- e que, embora não haja estimativas oficiais, as vítimas podem chegar a "centenas de milhares". Entre as edificações destruídas pelo maior tremor em quase 200 anos no Haiti, estão ainda o próprio palácio presidencial -o presidente e a primeira-dama não se encontravam no local no momento do terremoto-, prédios de ministérios e a catedral, onde foi achado morto o arcebispo de Porto Príncipe, Joseph Serge Miot, 63.
Durante ontem, saques também eram relatados em pontos variados de Porto Príncipe. A principal prisão da capital haitiana também ficou destruída, causando a fuga de detentos. "Há muitas pessoas morrendo. Precisamos de ajuda internacional. (...) Não há atendimento, não há comida, não há telefone, não há água. Não há nada!", implorava a repórteres um jovem haitiano na capital.
"Por favor, me tire daqui. Estou morrendo. Eu tenho duas crianças comigo", dizia a um jornalista da agência Reuters uma mulher presa sob escombros. "É a pior tragédia que eu já vi em meus 54 anos", relatou o motorista Lubini Hermano.
Segundo Préval, entre os mortos está o chefe diplomático da Minustah -a missão de estabilização mantida pela organização no Haiti desde 2004 e liderada pelo Brasil-, o tunisiano Hedi Annabi. A ONU, porém, não confirmou a morte. Annabi foi considerado desaparecido, junto com seu vice, o diplomata brasileiro Luiz Carlos da Costa. O chefe militar da missão, Floriano Peixoto Neto, também brasileiro, estava em Miami na hora do tremor.
Costa é o mais alto funcionário civil brasileiro da ONU no Haiti, responsável pelo treinamento da polícia, pelo processo eleitoral e pelo desarmamento de rebeldes, entre outras funções. Há mais de 40 anos na ONU, Costa serviu na Libéria, em Kosovo e em posições de comando no Departamento de Missões de Paz de Nova York.
A ONU confirmou que a sede da Minustah, um prédio de cinco andares na capital, foi destruída. Ao menos 16 funcionários da organização morreram, e 150 estão desaparecidos. Além dos 14 soldados brasileiros cuja morte foi confirmada por Brasília, oito soldados chineses, três jordanianos, um argentino e um chadiano tiveram suas mortes confirmadas.
O primeiro e mais forte sismo ocorreu pouco depois das 17h locais de anteontem-e foi sentido na República Dominicana, que divide a ilha Hispaniola com o Haiti, e em Cuba- e seguido por uma série de tremores entre anteontem e ontem, com intensidades de até 5,9 graus na escala Richter.

Com "New York Times", agências internacionais e LUIS KAWAGUTI, do "Agora"



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