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HAITI EM RUÍNAS
País fala em "centenas de milhares" de mortos
"É uma catástrofe inimaginável", diz presidente René Préval; palácio presidencial, Parlamento e sede da ONU estão destruídos
Entre desaparecidos estão o
chefe diplomático da ONU no
país e o seu vice, o brasileiro
Luiz Carlos da Costa; escolas
e hospitais ruíram na capital
DA REDAÇÃO
O governo do Haiti estimava
ontem em "centenas de milhares" os mortos no tremor de 7
graus na escala Richter -de
grande magnitude- que devastara o país na véspera. Sobreviventes circulavam pelas ruas da
capital, Porto Príncipe, desconcertados e impotentes, empilhando os corpos retirados de
escombros, segundo relatos.
"É uma catástrofe (...) inimaginável", disse o presidente René Préval ao jornal americano
"Miami Herald". "O Parlamento ruiu. Escolas ruíram, hospitais ruíram. Há muitas escolas
com pessoas mortas dentro",
afirmou, relatando a dificuldade até mesmo de se caminhar
na capital devido aos escombros e corpos estirados pelas
ruas. "Ouvi 50 mil [mortos]."
O premiê haitiano, Jean-Max
Bellerive, disse à CNN que "milhares" de edificações colapsaram na capital -a 15 km do epicentro do terremoto- e que,
embora não haja estimativas
oficiais, as vítimas podem chegar a "centenas de milhares".
Entre as edificações destruídas pelo maior tremor em quase 200 anos no Haiti, estão ainda o próprio palácio presidencial -o presidente e a primeira-dama não se encontravam no
local no momento do terremoto-, prédios de ministérios e a
catedral, onde foi achado morto o arcebispo de Porto Príncipe, Joseph Serge Miot, 63.
Durante ontem, saques também eram relatados em pontos
variados de Porto Príncipe. A
principal prisão da capital haitiana também ficou destruída,
causando a fuga de detentos.
"Há muitas pessoas morrendo. Precisamos de ajuda internacional. (...) Não há atendimento, não há comida, não há
telefone, não há água. Não há
nada!", implorava a repórteres
um jovem haitiano na capital.
"Por favor, me tire daqui. Estou morrendo. Eu tenho duas
crianças comigo", dizia a um
jornalista da agência Reuters
uma mulher presa sob escombros. "É a pior tragédia que eu
já vi em meus 54 anos", relatou
o motorista Lubini Hermano.
Segundo Préval, entre os
mortos está o chefe diplomático da Minustah -a missão de
estabilização mantida pela organização no Haiti desde 2004
e liderada pelo Brasil-, o tunisiano Hedi Annabi. A ONU, porém, não confirmou a morte.
Annabi foi considerado desaparecido, junto com seu vice, o
diplomata brasileiro Luiz Carlos da Costa. O chefe militar da
missão, Floriano Peixoto Neto,
também brasileiro, estava em
Miami na hora do tremor.
Costa é o mais alto funcionário civil brasileiro da ONU no
Haiti, responsável pelo treinamento da polícia, pelo processo
eleitoral e pelo desarmamento
de rebeldes, entre outras funções. Há mais de 40 anos na
ONU, Costa serviu na Libéria,
em Kosovo e em posições de
comando no Departamento de
Missões de Paz de Nova York.
A ONU confirmou que a sede
da Minustah, um prédio de cinco andares na capital, foi destruída. Ao menos 16 funcionários da organização morreram,
e 150 estão desaparecidos.
Além dos 14 soldados brasileiros cuja morte foi confirmada por Brasília, oito soldados
chineses, três jordanianos, um
argentino e um chadiano tiveram suas mortes confirmadas.
O primeiro e mais forte sismo ocorreu pouco depois das
17h locais de anteontem-e foi
sentido na República Dominicana, que divide a ilha Hispaniola com o Haiti, e em Cuba-
e seguido por uma série de tremores entre anteontem e ontem, com intensidades de até
5,9 graus na escala Richter.
Com "New York Times", agências internacionais e LUIS KAWAGUTI, do "Agora"
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