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São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Chefe dos inspetores da ONU apresenta relatório a partir do qual os EUA esperam ter argumento para atacar Bagdá

Pressionado por Bush, Blix fala hoje na ONU

Russell Boyce/Reuters
Tony Blair toca guitarra durante visita a faculdade em Sheffield


DA REDAÇÃO

Os responsáveis pelas inspeções da ONU no Iraque farão hoje, no Conselho de Segurança (CS), um balanço de seu trabalho, numa apresentação apelidada em Washington de "hora da verdade".
Sob forte pressão de EUA e Reino Unido, o sueco Hans Blix, chefe dos inspetores de armas, e o egípcio Mohamed El Baradei, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, vão dizer se o Iraque está ou não cooperando para seu desarmamento.
Ontem, Baradei disse que a única possibilidade de Bagdá evitar um ataque americano é sua colaboração integral com a ONU. O presidente dos EUA, George W. Bush, afirmou que a ONU precisa mostrar "firmeza e coragem" para fazer valer resoluções que determinam o desarmamento do Iraque.
Os argumentos de Blix podem ser determinantes, pois o CS está dividido: de um lado estão aqueles que acusam o Iraque de esconder suas armas e defendem a adoção de nova resolução autorizando o uso da força (principalmente EUA e Reino Unido); de outro, países que advogam por uma solução pacífica, pedem o aumento do número de inspetores e mais tempo para que concluam seu trabalho (França, China e Rússia, entre outros).
O debate no CS tem como pano de fundo uma disputa entre a França -disposta a vetar uma resolução autorizando um ataque- e os EUA.
O tom não é amistoso. Anteontem, o secretário de Estado americano, Colin Powell, insinuou que a França e a Alemanha estavam interessadas em facilitar as coisas para Saddam. O chanceler francês, Dominique de Villepin, respondeu que não considera a acusação séria.
O premiê francês, Jean-Pierre Raffarin, fez ontem um apelo para que haja respeito mútuo. "Defendemos o conceito de um mundo multipolar que conserva a diversidade e o respeito aos outros, incluindo aos seus próprios aliados", afirmou. "No mundo de hoje, a França fala em nome da paz."

Tom moderado
Diplomatas na ONU dizem que Blix deve adotar o mesmo tom moderado utilizado em apresentação semelhante em 27 de janeiro. Na ocasião, disse que o Iraque vinha cooperando, mas que precisava colaborar ainda mais.
Autoridades americanas pressionam os inspetores a afirmar que Bagdá desrespeitou os termos da resolução 1441, que exige ativa cooperação para eliminar seus arsenais de destruição em massa.
A assessora de Segurança Nacional da Casa Branca, Condoleezza Rice, foi a Nova York nesta semana apresentar a Blix seus argumentos. Powell disse no Congresso: "Não vou prejulgar o que Blix dirá amanhã [hoje], mas creio que ele mostrará a continuação da recusa iraquiana em cumprir a resolução".
O anúncio de especialistas da ONU, anteontem, de que o Iraque tem mísseis cujo alcance supera o limite de 150 km permitido pelo CS tem sido usado por americanos e britânicos para fortalecer seus argumentos pró-guerra.
O premiê do Reino Unido, Tony Blair, declarou que, se a avaliação sobre os mísseis estiver correta, "isso é muito sério". Blix se negou a comentar o assunto, mas afirmou que tratará dos programas de mísseis iraquianos hoje.
Espera-se também que Blix elogie atitudes recentes de Bagdá. Nos últimos dias, o país permitiu que cientistas fossem entrevistados sem acompanhantes do governo, autorizou vôos de aviões espiões U-2 sobre seu território e deixou que os inspetores coletassem amostras de terra em localidades onde agentes químicos e biológicos teriam sido destruídos.

Com agências internacionais


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