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ÁSIA
Washington prefere diplomacia, mas Pyongyang volta a desafiar; Japão diz que atacará norte-coreanos caso se sinta sob ameaça
EUA descartam sanções contra Coréia do Norte agora
EDITH LEDERER
DA ASSOCIATED PRESS
Os Estados Unidos anunciaram
ontem que não vão pedir agora à
ONU sanções contra a Coréia do
Norte devido a seu programa nuclear. Pyongyang havia dito que
entenderia as sanções como uma
declaração de guerra.
A informação foi dada um dia
depois de a CIA (serviço de inteligência dos EUA) ter informado
que a Coréia do Norte possui um
míssil balístico ainda não testado
que seria capaz de alcançar a Costa Oeste dos EUA.
O embaixador interino dos
EUA na ONU, Richard Williamson, disse que seu país quer buscar uma solução diplomática.
Mas o clima de tensão na região
piorou ainda mais ontem. Tóquio
anunciou que se sente no direito
de realizar uma ação militar preventiva contra a Coréia do Norte
se descobrir que Pyongyang está
preparando um ataque de mísseis
balísticos contra o Japão.
O governo norte-coreano, por
sua vez, informou que o país está
"pronto para atacar o inimigo onde quer que ele esteja", referindo-se a interesses militares.
Conselho de Segurança
A Agência Internacional de
Energia Atômica (AIEA) decidiu
anteontem encaminhar a questão
nuclear norte-coreana ao Conselho de Segurança (CS) da ONU,
iniciando um processo que pode
levar à imposição de sanções.
Segundo a AIEA, o país violou
suas obrigações previstas pelo
Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) e por outros acordos.
Como o país expulsou os inspetores da ONU, a agência "não pode
verificar se não ocorreu desvio de
materiais nucleares" para uso em
armas, disse a AIEA.
Indagado sobre se as sanções
são uma possibilidade para o futuro próximo, o diplomata americano disse: "Essa questão não está
em pauta neste momento".
O embaixador da China na
ONU, Wang Yingfan, saudou o
anúncio de Williamson: ""Não vejo sentido em falar sobre sanções
nem em especular sobre isso.
Com os esforços de todos, ainda
esperamos encontrar alguma forma para dar início ao diálogo".
A Coréia do Norte quer um diálogo direto com os EUA, mas o
governo Bush quis que a questão
fosse repassada ao CS para mostrar que é um problema internacional.
O secretário de Estado americano, Colin Powell, disse ontem que
Pyongyang voltou a recusar um
diálogo regional -com China,
Rússia e Coréia do Sul. "Temos de
ter um acordo regional", insistiu
Powell, "para pôr o gênio nuclear
de volta na lâmpada."
O porta-voz da Casa Branca, Ari
Fleischer, elogiou a ação da AIEA,
dizendo que é "um indicativo claro de que a comunidade internacional não vai aceitar o programa
nuclear da Coréia do Norte".
O impasse começou em outubro, quando representantes dos
EUA disseram que a Coréia do
Norte admitiu possuir um programa nuclear clandestino. Washington suspendeu seus envios de
combustível ao país, e a Coréia do
Norte retaliou, expulsando os
monitores nucleares da ONU, tomando medidas para reativar
suas instalações nucleares paradas e retirando-se do TNP.
A China aprovou tacitamente as
resoluções da AIEA. Mas a Rússia
se recusou a dar seu apoio, dizendo que enviar a questão ao Conselho de Segurança vai prejudicar os
esforços diplomáticos. "Achamos
contraproducente", disse o embaixador russo na ONU, Sergey
Lavror. "Achamos que, na ausência de um diálogo direto entre os
EUA e a Coréia do Norte, outras
medidas não ajudariam a encontrar uma solução. Qualquer esforço multilateral ajudaria, desde
que houvesse um diálogo direto."
Tradução de Clara Allain
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