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São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

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ÁSIA

Washington prefere diplomacia, mas Pyongyang volta a desafiar; Japão diz que atacará norte-coreanos caso se sinta sob ameaça

EUA descartam sanções contra Coréia do Norte agora

EDITH LEDERER
DA ASSOCIATED PRESS

Os Estados Unidos anunciaram ontem que não vão pedir agora à ONU sanções contra a Coréia do Norte devido a seu programa nuclear. Pyongyang havia dito que entenderia as sanções como uma declaração de guerra.
A informação foi dada um dia depois de a CIA (serviço de inteligência dos EUA) ter informado que a Coréia do Norte possui um míssil balístico ainda não testado que seria capaz de alcançar a Costa Oeste dos EUA.
O embaixador interino dos EUA na ONU, Richard Williamson, disse que seu país quer buscar uma solução diplomática.
Mas o clima de tensão na região piorou ainda mais ontem. Tóquio anunciou que se sente no direito de realizar uma ação militar preventiva contra a Coréia do Norte se descobrir que Pyongyang está preparando um ataque de mísseis balísticos contra o Japão.
O governo norte-coreano, por sua vez, informou que o país está "pronto para atacar o inimigo onde quer que ele esteja", referindo-se a interesses militares.

Conselho de Segurança
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) decidiu anteontem encaminhar a questão nuclear norte-coreana ao Conselho de Segurança (CS) da ONU, iniciando um processo que pode levar à imposição de sanções.
Segundo a AIEA, o país violou suas obrigações previstas pelo Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) e por outros acordos. Como o país expulsou os inspetores da ONU, a agência "não pode verificar se não ocorreu desvio de materiais nucleares" para uso em armas, disse a AIEA.
Indagado sobre se as sanções são uma possibilidade para o futuro próximo, o diplomata americano disse: "Essa questão não está em pauta neste momento".
O embaixador da China na ONU, Wang Yingfan, saudou o anúncio de Williamson: ""Não vejo sentido em falar sobre sanções nem em especular sobre isso. Com os esforços de todos, ainda esperamos encontrar alguma forma para dar início ao diálogo".
A Coréia do Norte quer um diálogo direto com os EUA, mas o governo Bush quis que a questão fosse repassada ao CS para mostrar que é um problema internacional.
O secretário de Estado americano, Colin Powell, disse ontem que Pyongyang voltou a recusar um diálogo regional -com China, Rússia e Coréia do Sul. "Temos de ter um acordo regional", insistiu Powell, "para pôr o gênio nuclear de volta na lâmpada."
O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, elogiou a ação da AIEA, dizendo que é "um indicativo claro de que a comunidade internacional não vai aceitar o programa nuclear da Coréia do Norte".
O impasse começou em outubro, quando representantes dos EUA disseram que a Coréia do Norte admitiu possuir um programa nuclear clandestino. Washington suspendeu seus envios de combustível ao país, e a Coréia do Norte retaliou, expulsando os monitores nucleares da ONU, tomando medidas para reativar suas instalações nucleares paradas e retirando-se do TNP.
A China aprovou tacitamente as resoluções da AIEA. Mas a Rússia se recusou a dar seu apoio, dizendo que enviar a questão ao Conselho de Segurança vai prejudicar os esforços diplomáticos. "Achamos contraproducente", disse o embaixador russo na ONU, Sergey Lavror. "Achamos que, na ausência de um diálogo direto entre os EUA e a Coréia do Norte, outras medidas não ajudariam a encontrar uma solução. Qualquer esforço multilateral ajudaria, desde que houvesse um diálogo direto."


Tradução de Clara Allain


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