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São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

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BOLÍVIA

Governo faz acordo com policiais, mas protestos e pedidos de renúncia do presidente continuam; 23 já morreram nos conflitos

Mais 7 morrem, e La Paz tem saques e tanques nas ruas

David Mercado/Reuters
Boliviana passa por soldados na região central de La Paz, que viveu ontem mais um dia de tensão


DA REDAÇÃO

Mais sete pessoas morreram ontem na Bolívia, em consequência de confrontos entre forças do governo e manifestantes, no segundo dia de protestos contra medidas econômicas baixadas no domingo e anuladas anteontem, devido à pressão popular.
Somadas às 16 mortes de quarta-feira, a maioria policiais, o saldo de mortos já chega a 23. La Paz e outras importantes cidades do país viveram ontem um novo dia de conflitos e de protestos sociais, embora com menor intensidade.
Os conflitos de anteontem ocorreram após soldados terem disparado tiros contra cerca de 7.000 policiais em greve e milhares de civis que protestavam contra um projeto do governo que aumentava impostos. O projeto foi retirado após os protestos.
Durante a madrugada, o governo anunciou um acordo para pôr fim ao motim na polícia, mas, durante o dia, o policiamento em La Paz continuou sendo feito apenas pelo Exército. O acordo estabelecia 19 pontos, entre eles o pagamento de uma indenização de US$ 10 mil às famílias dos policiais mortos na véspera.
Em La Paz, sirenes foram ouvidas durante todo o dia. Cerca de 400 soldados fortemente armados protegiam o palácio presidencial, cercado pelos manifestantes na véspera. Uma grande passeata, organizada pela Central Operária Boliviana, cruzou o centro pedindo a renúncia do presidente.
O Exército disparou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para tentar dispersar os manifestantes e impedir que se aproximassem do palácio. Cinco pessoas ficaram feridas, segundo a Cruz Vermelha.
Em Santa Cruz, segunda cidade do país, a polícia permaneceu aquartelada durante todo o dia.
Já em Cochabamba (região central), efetivos policiais prenderam vários pessoas.
A Central Operária Boliviana, apoiada pela Confederação de Empresários Privados, iniciou uma greve geral ontem e voltou a exigir a renúncia do presidente.
Os pedidos de renúncia foram engrossados pelo líder camponês dos plantadores de coca, Evo Morales, derrotado por Sánchez de Lozada no segundo turno das eleições presidenciais, em agosto.
Morales, a principal força de oposição do país, acusou o governo pela morte de um indígena num enfrentamento com o Exército na região cocaleira do Chapare (centro do país) e convocou um megaprotesto com bloqueios de estradas por todo o país.
Os governos dos países do Mercosul, do Chile, dos EUA, o FMI (Fundo Monetário Internacional), que negocia acordo com o país, e o papa João Paulo 2º manifestaram "preocupação".
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, lamentou as mortes e disse esperar "que a paz possa ser prontamente restabelecida e que os atuais conflitos se resolvam dentro do respeito das instituições democráticas".
O presidente dos EUA, George W. Bush, disse, em comunicado, que a violência "socava o estado de direito". "Os EUA continuarão a fornecer assistência econômica e financeira e apoio ao governo boliviano", disse Ari Fleischer, porta-voz da Casa Branca.

Com agências internacionais


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