São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2009

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Queda de avião sobre casa mata 50 nos EUA

Aeronave da empresa Continental sofreu acidente quando se preparava para pousar em Buffalo, Estado de Nova York

Entre as vítimas do desastre estavam viúva de um dos mortos no 11 de Setembro e ativista que documentou genocídio em Ruanda em 94

Gary Wiepert/Reuters
Bombeiros observam os destroços em chamas da aeronave modelo Dash 8 Q400 da Bombardier, nas proximidades de Buffalo, EUA

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

A queda de um avião comercial da empresa Continental sobre uma casa matou 50 pessoas nos arredores de Buffalo, Estado de Nova York (EUA), na noite de anteontem. A aeronave explodiu ao se chocar com uma residência no subúrbio de Clarence, a 8 km do aeroporto local, por volta das 22h20 de quinta (1h20 de ontem em Brasília), cinco minutos antes da aterrissagem prevista.
Todas as 49 pessoas a bordo do voo de conexão Continental 3407 morreram -44 passageiros, quatro tripulantes em atuação e um piloto fora de serviço. Douglas Wielinski, 61, morador da casa atingida, também morreu, enquanto sua mulher, Karen, 57, e a filha Jill, 22, tiveram só ferimentos leves.
"Ele era um homem bom, que amava sua família", disse Karen, chorando, a repórteres. Ela escapou ao se arrastar da casa. Jill foi jogada a metros de distância com a explosão.
As últimas conversas entre o piloto e controladores de voo não indicam nada de anormal antes de o avião sumir dos radares. As caixas-pretas estão sob análise em Washington, e informações preliminares indicam que a tripulação discutiu a formação de gelo nas asas antes do acidente, quando ocorria uma tempestade de chuva e gelo. A formação de gelo pode afetar a dinâmica do voo.
O Departamento de Segurança em Transportes dos EUA afirmou que é cedo para determinar com certeza as causas da queda. O avião era equipado com sistema anticongelante.
Não há indícios de atentado terrorista. O voo era operado pela Colgan Air, uma unidade da Pinnacle Airlines, e ia do aeroporto de Newark, em Nova Jersey, ao de Buffalo.
No solo, apenas a cauda da aeronave, um Dash 8 Q400 produzido pela canadense Bombardier, estava reconhecível ontem. Os serviços de emergência dizem que a tragédia poderia ter sido muito maior, já que a área atingida é residencial. Há a hipótese de o avião ter caído "de bico". "É incrível que tenha destruído só uma casa", disse David Bissonette, coordenador de emergências do Condado de Eerie. "Poderia ter arrasado o bairro inteiro." A área foi isolada, e moradores de 12 casas, removidos.
Algumas testemunhas disseram que os motores aparentaram parar antes do impacto. "Ouvimos o avião voando muito baixo, com barulho anormalmente alto. De repente, o motor parou, e pouco depois houve a explosão", disse à rede CNN David Luce, testemunha do acidente. "Tudo aconteceu em cerca de 15 segundos."

Reações
"Nossos corações e mentes se voltam para famílias e amigos que perderam entes queridos, e agradecemos aos corajosos atendentes que chegaram imediatamente ao local para tentar salvar vidas e que continuam a garantir a segurança de todos na área", disse o presidente dos EUA, Barack Obama.
Obama fez menção especial a uma das vítimas, Beverly Eckert, "que perdeu o marido no 11 de Setembro e se tornou defensora incansável das famílias cujas vidas mudaram para sempre naquele dia". O presidente a encontrou há poucos dias, quando organizou reunião na Casa Branca com familiares de vítimas do 11 de Setembro e do bombardeio do navio USS Cole para falar sobre o fechamento da prisão de Guantánamo.
Também estava no avião a historiadora Alison DeForges, ativista dos direitos humanos que documentou o genocídio em Ruanda em 1994.
A queda foi o primeiro acidente fatal em uma aérea residencial nos EUA desde agosto de 2006, quando 49 pessoas morreram no Kentucky. Há menos de um mês, um voo da US Airways evitou destino similar ao pousar com sucesso no rio Hudson, em Nova York.


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