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Pergunta de referendo tira foco de Chávez
Questão fala em "ampliar direitos políticos do povo" em vez de focar no fim do limite à reeleição; para críticos, CNE favorece presidente
Oposição diz que governo
usa a máquina a seu favor,
mas tenta convencer eleitor
contrário à emenda de que
não há razão para não votar
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
As acusações de que o presidente Hugo Chávez usa os organismos do Estado a seu favor
para obter a reeleição indefinida incluem até a pergunta do
referendo de amanhã sobre o
tema. Para os críticos, a formulação desvia o foco da emenda
ao indagar aos eleitores se eles
concordam ou não em "ampliar
os direitos políticos do povo".
Na íntegra, a pergunta de
amanhã é: "Você aprova a
emenda dos artigos 160, 162,
174, 192 e 230 da Constituição
da República, tramitada pela
Assembleia Nacional, que amplia os direitos políticos do povo, com o fim de permitir que
qualquer cidadão ou cidadã em
exercício de um cargo de eleição popular possa ser sujeito à
postulação como candidato ou
candidata para o mesmo cargo
pelo tempo estabelecido constitucionalmente, dependendo
sua possível eleição exclusivamente do voto popular?".
A afirmação de que a emenda
sobre a reeleição indefinida aumenta os direitos políticos da
população é um dos principais
argumentos da campanha governista. "Votar pelo "sim" é votar a favor dos direitos do povo,
não é votar por Chávez, é votar
por você, mulher, homem, jovem venezuelano. A partir de
domingo, o povo, e não o tempo, colocará e tirará governos",
discursou Chávez anteontem,
durante um megacomício.
Para a oposição, a pergunta,
formulada pela Assembleia Nacional, de maioria chavista, e
aprovada sem alteração pelo
Conselho Nacional Eleitoral
(CNE), é mais uma prova do alinhamento do órgão a Chávez.
"Trata-se, diz a pergunta, dos
direitos políticos das venezuelanas e dos venezuelanos. Concreta e muito especialmente de
um venezuelano: Hugo Rafael
Chávez Frias, que tem o direito
-todo o direito- de ser não
apenas presidente vitalício como também monarca absoluto
se assim o soberano [povo] determinar", ironizou, em artigo
recente, o analista político oposicionista Laureano Márquez.
Ênfase no voto secreto
Mas as críticas ao uso da máquina têm sido menores do que
em outros anos -em 2005, o
suposto favorecimento do CNE
a Chávez levou a oposição ao
boicote. Já nesta campanha, as
lideranças opositoras buscam
convencer os eleitores contrários à emenda de que o voto é
secreto e à prova de fraude.
"Aos funcionários públicos,
digo: podem votar, ninguém saberá a sua escolha", disse, em
entrevista à TV Globovisión, o
dirigente da AD (Ação Democrática), Henry Ramos Allup,
que apoiou o boicote em 2005.
"Se a oposição criticar duramente o uso da máquina, incentivará a abstenção, o que favorece o governo", afirmou
Luis Vicente León, do instituto
de pesquisa Datanálisis, em encontro com jornalistas estrangeiros, na semana passada.
Se aprovada, a emenda permitirá a Chávez concorrer em
2012, quando estará há quase
14 anos no poder. A maioria das
pesquisas de opinião dá ligeira
vantagem ao "sim".
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