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Para ministro brasileiro, Paraguai entrou "apenas com a água" na usina binacional
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No mesmo dia em que o jornal espanhol "El Mundo" publicou a entrevista do presidente do Paraguai, Fernando Lugo,
o ministro brasileiro de Minas
e Energia, Edison Lobão, afirmou que o país vizinho "não
entrou com nenhum centavo"
na construção da hidrelétrica
de Itaipu, apenas com a água. O
ministro disse que o Brasil não
está "espoliando" ninguém.
Durante discurso feito na sede do ministério, durante a
posse do novo diretor-geral da
Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica), Nelson Hubner, o ministro Edison Lobão
decidiu falar sobre a usina hidrelétrica binacional.
Lobão disse que o Paraguai
"não se convence" do acordo.
"Com o Paraguai temos ainda
um contencioso. Os paraguaios
não se convencem, não se conformam com o cumprimento
do tratado que temos com
aquele país. Tratado que é um
monumento jurídico, um acordo aprovado pelo Congresso
brasileiro e pelo Congresso paraguaio".
O ministro disse que, durante a construção da usina, cada
país deveria ter entrado com a
metade dos recursos, o que não
aconteceu. "O Paraguai não
compareceu com nenhum centavo, porque não possuía. O
Brasil emprestou", afirmou.
Ele voltou a usar a mesma expressão ao longo do discurso,
ao se referir à renda gerada pela
usina. "Itaipu já rendeu US$ 4
bilhões de royalties, sem que o
Paraguai tenha entrado com
sequer um centavo. Entrou
apenas com a água, nada mais.
Parte da água, porque a outra
parte era brasileira."
Lobão mencionou ainda a visita do presidente paraguaio ao
Brasil. "Veio aqui o presidente
Lugo e disse que o Brasil pagava
US$ 2,85 por MW [megawatt]
consumido de Itaipu. Tivemos
que dizer a ele que não era isso,
e sim US$ 45", disse o ministro.
"Isso é mais do que custará a
energia de Jirau e Santo Antônio [hidrelétricas que serão
construídas no rio Madeira, em
Rondônia]. Portanto, não estamos espoliando ninguém. Estamos fazendo aquilo que a Justiça e o tratado estabelecem",
afirmou Lobão.
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