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EUA reduzem metas para o Afeganistão
Rascunho de nova estratégia troca "democracia" por "paz", enfatiza apoio a Islamabad e negociação com Taleban
DA REDAÇÃO
Os Estados Unidos reduziram drasticamente as expectativas sobre a campanha no Afeganistão, revela o rascunho da
nova estratégia americana, que
aproxima o Pentágono da posição dos aliados da Otan (aliança
militar ocidental). A criação de
"um grande Estado democrático" cede espaço à meta de estabilidade, segundo altos funcionários do governo ouvidos pelo
"New York Times".
Quase oito anos depois da invasão que derrubou o regime
do Taleban, após o 11 de Setembro, o foco agora é a conciliação
com insurgentes e a cooperação com o Paquistão. O texto,
que consolida a guinada pragmática do governo americano,
ainda precisa da aprovação do
presidente Barack Obama.
O documento prevê o aumento dos recursos militares e
não-militares para o Paquistão
-os conflitos com as tropas
ocidentais no país vizinho levaram radicais a buscar refúgio
no lado paquistanês, e pacificar
a porosa a fronteira é crucial
para a estabilidade afegã.
A nova estratégia americana
deve ser anunciada antes da cúpula sobre o Afeganistão, em 31
de março. É esperada a participação do Irã no encontro -o
regime teocrático xiita iraniano sempre se opôs ao radicalismo sunita do Taleban. Nos dias
3 e 4 de abril, a Otan realiza sua
reunião de cúpula, na França.
A redução das expectativas
no Afeganistão é defendida por
países da Otan, que temem o
fracasso da missão militar, apesar do aumento das tropas. Os
EUA anunciaram no mês passado o envio de 17 mil homens,
elevando para 55 mil o contingente americano -com o reforço, o total de militares ocidentais chegará a 72 mil.
Os aliados americanos resistem em aumentar seus contingentes e pressionam por uma
saída política, negociada. Telegrama do vice-embaixador
francês em Cabul, vazado em
outubro, cita o embaixador britânico no Afeganistão prevendo que a campanha militar falhará e que a única solução para
o país é um "ditador aceitável".
O vice-presidente dos EUA,
Joe Biden, se reuniu com a
Otan na última terça para angariar apoio e explicar a estratégia
do novo governo. No encontro,
Biden enfatizou a cooperação
com o Paquistão e reiterou a
defesa de negociações com militantes "moderados" do Taleban, defendidas por Obama.
Os EUA fortaleceram a presença na região da fronteira e,
desde o segundo semestre de
2008, bombardeiam radicais
no lado paquistanês. Inicialmente alvo de veementes críticas de Islamabad, as incursões
passaram a ser toleradas nos
últimos meses, em um indício
de que os países tenham acordo
não declarado sobre o tema.
Militares americanos e paquistaneses ouvidos pelo "Times" acreditam que a nova estratégia manterá as operações
de inteligência em território do
Paquistão.
Anteontem, um ataque aéreo
americano matou 22 suspeitos
de terrorismo no país.
Com o "New York Times" e agências internacionais
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