São Paulo, sábado, 14 de março de 2009

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EUA reduzem metas para o Afeganistão

Rascunho de nova estratégia troca "democracia" por "paz", enfatiza apoio a Islamabad e negociação com Taleban

DA REDAÇÃO

Os Estados Unidos reduziram drasticamente as expectativas sobre a campanha no Afeganistão, revela o rascunho da nova estratégia americana, que aproxima o Pentágono da posição dos aliados da Otan (aliança militar ocidental). A criação de "um grande Estado democrático" cede espaço à meta de estabilidade, segundo altos funcionários do governo ouvidos pelo "New York Times".
Quase oito anos depois da invasão que derrubou o regime do Taleban, após o 11 de Setembro, o foco agora é a conciliação com insurgentes e a cooperação com o Paquistão. O texto, que consolida a guinada pragmática do governo americano, ainda precisa da aprovação do presidente Barack Obama.
O documento prevê o aumento dos recursos militares e não-militares para o Paquistão -os conflitos com as tropas ocidentais no país vizinho levaram radicais a buscar refúgio no lado paquistanês, e pacificar a porosa a fronteira é crucial para a estabilidade afegã.
A nova estratégia americana deve ser anunciada antes da cúpula sobre o Afeganistão, em 31 de março. É esperada a participação do Irã no encontro -o regime teocrático xiita iraniano sempre se opôs ao radicalismo sunita do Taleban. Nos dias 3 e 4 de abril, a Otan realiza sua reunião de cúpula, na França.
A redução das expectativas no Afeganistão é defendida por países da Otan, que temem o fracasso da missão militar, apesar do aumento das tropas. Os EUA anunciaram no mês passado o envio de 17 mil homens, elevando para 55 mil o contingente americano -com o reforço, o total de militares ocidentais chegará a 72 mil.
Os aliados americanos resistem em aumentar seus contingentes e pressionam por uma saída política, negociada. Telegrama do vice-embaixador francês em Cabul, vazado em outubro, cita o embaixador britânico no Afeganistão prevendo que a campanha militar falhará e que a única solução para o país é um "ditador aceitável".
O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, se reuniu com a Otan na última terça para angariar apoio e explicar a estratégia do novo governo. No encontro, Biden enfatizou a cooperação com o Paquistão e reiterou a defesa de negociações com militantes "moderados" do Taleban, defendidas por Obama.
Os EUA fortaleceram a presença na região da fronteira e, desde o segundo semestre de 2008, bombardeiam radicais no lado paquistanês. Inicialmente alvo de veementes críticas de Islamabad, as incursões passaram a ser toleradas nos últimos meses, em um indício de que os países tenham acordo não declarado sobre o tema.
Militares americanos e paquistaneses ouvidos pelo "Times" acreditam que a nova estratégia manterá as operações de inteligência em território do Paquistão.
Anteontem, um ataque aéreo americano matou 22 suspeitos de terrorismo no país.

Com o "New York Times" e agências internacionais


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