São Paulo, domingo, 14 de março de 2010

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Colômbia vota em primárias para selar a sorte do uribismo

Partido Conservador, da base governista, escolhe hoje entre pré-candidato pró-Uribe e concorrente que defende voo solo

País também elege novo Congresso, em pleito com menos pressão de grupos armados, mas sob influência econômica do narcotráfico


FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Colômbia elege hoje seu novo Congresso também de olho em outra votação: as primárias do Partido Conservador, da base governista. A escolha é considerada decisiva para a definição do quadro da disputa presidencial, ultracompetitivo sem Álvaro Uribe no páreo.
Quatro nomes lutam pela candidatura pelo conservadorismo, a segunda força do bloco de Uribe atual. Dois deles tem chances: o ex-ministro da Agricultura, Andrés Felipe Arias, e a ex-embaixadora da Colômbia no Reino Unido Noemí Sanín.
As primárias são abertas -não só filiados à sigla votam- , o que torna o resultado ainda menos previsível. Segundo analistas, se Arias vencer, há mais chances de a aliança central do uribismo -entre os conservadores e o Partido de La U- sobreviver, fortalecendo o atual governismo na eleição presidencial de 30 de maio.
Arias, batizado de "Uribito" pela semelhança com presidente, apoiaria, ao menos no segundo turno, o candidato até agora mais bem posicionado nas pesquisas, o ex-ministro da Defesa, Juan Manuel Santos (Partido de La U).
Mas se a vencedora for Sanín, o uribismo terá problemas. Ela, com duas décadas de experiência política e candidata à Presidência duas vezes, insistiu pelas primárias e tem marcado alguma distância de Uribe -cuja intenção de concorrer a um terceiro mandato foi barrada pela Justiça em fevereiro. "Sanín tem um perfil mais de centro, poderia levar setores independentes e ir ela mesmo para o segundo turno contra Santos", diz o analista Juan Lodoño.
Segundo a ONG MOE (Missão de Observação Eleitoral), a votação para escolher 266 legisladores ocorrerá com menos pressão de grupos armados ilegais do que em 2006 -quando estava em curso a desmobilização dos grupos paramilitares.
Ainda assim, a MOE afirma que, em 402 dos pouco mais de mil municípios, há risco de fraude ou de voto sob pressão. A ONG também critica as regras frouxas de financiamento que permitem prever a afluência do bilionário lucro do narcotráfico nas campanhas. O pleito foi marcado pela tentativa de camuflagem de grupos políticos ligados ao paramilitarismo em novas siglas.


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