São Paulo, segunda-feira, 14 de março de 2011

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Desabrigados enfrentam frio de 0ºC sem eletricidade

DO ENVIADO A MITO (JAPÃO)

Em meio a estimativas da polícia de que o número de vítimas fatais do terremoto de sexta-feira possa chegar a mais de 10 mil pessoas, o primeiro-ministro do país, Naoto Kan, declarou ontem que o Japão enfrenta sua pior crise em mais de seis décadas.
"O terremoto, o tsunami e o incidente nuclear têm sido a maior crise que o Japão enfrentou nos 65 anos desde o fim da Segunda Guerra Mundial", disse Kan, em pronunciamento à noite na TV.
No dia em que o governo japonês elevou de 8,9 para 9 a magnitude do terremoto, o governo admitiu o risco de um acidente nuclear mais grave e anunciou racionamento de energia com o objetivo de evitar um apagão.
Segundo o premiê, o governo está se preparando para dobrar o número de pessoas que estão mobilizadas para os resgates. Deve chegar a 100 mil soldados, o que corresponde a cerca de 40% das Forças Armadas do país.

DIMENSÕES DA TRAGÉDIA
Dois dias após o terremoto mais forte da história do Japão, ontem ainda não era possível dimensionar o impacto da tragédia. O número oficial de mortos chegou a 1.800 -incluindo os 200 corpos encontrados na costa.
Mas ainda há cerca de 10 mil pessoas desaparecidas somente em Minami-Sanriku, cidade costeira varrida pelo tsunami que fica na província de Miyagi.
Go Sugawara, porta-voz da polícia local, disse ontem que cerca de 400 vítimas fatais já haviam sido confirmadas somente na província, cuja população é de aproximadamente 2,3 milhões.

SEM LUZ E ÁGUA
Ao longo da costa, 330 mil pessoas estão provisoriamente alojadas em abrigos de cidades sem energia elétrica. Elas estão em locais onde a temperatura ronda o 0º C durante a noite. A estimativa oficial era a de que 2,6 milhões de casas estavam sem luz ontem. Além disso, 1,4 milhão não tinha água.
O país continua sob a ameaça de um acidente nuclear mais grave. O chefe de gabinete, Yukio Edano, disse que há "forte possibilidade" de que barras de combustível tenham derretido em dois reatores da usina Fukushima 1 (a 250 km de Tóquio). Na manhã de hoje, foram registradas explosões no reator 3.
Ao menos 210 mil pessoas foram retiradas da vizinhança da usina. Houve constatação de contaminação nuclear em 22 -suspeita-se de que o total chegue a 190.
Como 36% da matriz energética do Japão é nuclear, o país começará a realizar cortes de fornecimento de energia programados em várias regiões do país, na primeira medida desse tipo desde 1951. O rodízio atingirá cinco regiões e funcionará, a princípio, até o final de abril.
Tradicional financiador de ajuda internacional, o Japão tem recebido dezenas de ofertas de ajuda estrangeira.
A China, com quem Tóquio mantém uma relação tumultuada, enviou ontem, pela primeira vez na história bilateral, uma equipe de resgate com 15 integrantes.
(FABIANO MAISONNAVE)


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