|
Próximo Texto | Índice
Kirchner passa para Estado seu plano de aposentadoria
Presidente impulsionou reforma do sistema, que havia sido parcialmente privatizado por Menem nos anos 90
Em campanha, dirigente argentino está entre os 25 mil trabalhadores que migraram para fundo estatal logo no primeiro dia
BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES
Começou a valer na Argentina a possibilidade de o trabalhador migrar entre os regimes
de contribuição para a aposentadoria -o que, segundo especialistas, incentivará o retorno
ao Estado de boa parte dos 11,3
milhões de argentinos que hoje
contribuem em fundos de pensão privados.
Em pleno ano eleitoral, na
lista dos cerca de 25 mil argentinos que fizeram a mudança
do sistema privado para o estatal já no primeiro dia está o nome de Néstor Carlos Kirchner,
57, o presidente que impulsou a
reforma previdenciária.
"Não é um ato de demagogia.
Eu acredito na aposentadoria
estatal", discursou Kirchner.
"Meu pai aposentou-se pelo
Estado e minha mãe recebe
uma pensão do Estado desde a
morte do meu pai. É uma cultura que nunca falhou conosco."
O presidente também criticou os fundos privados. "Deixamos para trás um sistema perverso no qual se ganhou muitíssimo dinheiro com rendimentos que foram remetidos para
fora da Argentina."
Segundo a Administração
Nacional da Seguridade Social,
Kirchner foi inscrito no sistema de capitalização privado há
11 anos porque não informou
sua opção. A regra anterior,
criada no governo de Carlos
Menem -que privatizou o sistema previdenciário em 1994-
enviava o indeciso para o sistema privado. Agora, trabalhadores que não optarem irão para o
cadastro estatal.
Os fundos de pensão preferiram não polemizar. Publicaram ontem um anúncio nos
principais jornais, lembrando
ao contribuinte que o prazo para decidir sobre a mudança vai
até o fim do ano. "Você já tem
seu fundo de pensão. Você está
tranqüilo", diz o texto.
Transformada em lei em fevereiro deste ano, a reforma devolveu ao contribuinte argentino a liberdade de escolher entre os dois regimes, com opção
de fazer migrações a cada cinco
anos, e deixou o plano estatal financeiramente mais atrativo,
alterando o cálculo do valor da
aposentadoria.
Era uma antiga reivindicação
no país, que, atendida a poucos
meses das eleições para a Casa
Rosada, em outubro, pode se
tornar um grande trunfo político de Kirchner. De um total de
13,9 milhões de contribuintes
do sistema previdenciário na
Argentina, 81,5% estão listados
em fundos de pensão privados,
enquanto 18,5% seguem no regime controlado pelo Estado.
Próximo Texto: Chávez ameaça cortar petróleo dos EUA se houver "nova agressão" Índice
|